Dos bitcoins minerados no mundo, 58% usam energia renovável, diz pesquisa
Estudo também mostra redução no consumo energético e aponta importância da mineração no desenvolvimento de equipamentos utilizados por diversas indústrias
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 26 de abril de 2022 às 18h51.
Última atualização em 26 de abril de 2022 às 19h47.
Ao mesmo tempo que aumentam as preocupações e discussões sobre os impactos causados pela mineração de bitcoin e outras criptomoedas que utilizam o mecanismo de consenso de Prova de Trabalho ("Proof-of-Work", ou PoW), um estudo publicado na segunda-feira, 25, mostra que a rede do maior ativo digital do mundo está se tornando cada vez mais ecologicamente correta.
De acordo com o Bitcoin Mining Council (BMC), grupo criado por empresas ligadas à indústria de criptoativos e que tem apoio de nomes como Elon Musk e Michael Saylor, a rede Bitcoin reduziu o consumo energético em 25% no primeiro trimestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021.
Além disso, o levantamento afirma que 58,4% da energia utilizada pelos mineradores do principal blockchain do mundo atualmente vem de fontes sustentáveis, como hidrelétricas, usinas solares e eólicas, entre outras. O número é 59% maior do que no primeiro trimestre do ano passado.
Consideradas apenas as empresas que fazem parte do BMC e aquelas que participaram da pesquisa como convidadas — que, segundo o grupo, respondem por 50% do poder computacional global da rede —, a participação de energia "limpa" no mix energético das empresas de mineração de bitcoin salta para 64,6%.
A pesquisa também ressalta a importância da indústria de mineração de bitcoin para a evolução de avanços tecnológicos de diversos componentes usados pelo mineradores e que também são úteis em outros setores, como os semicondutores. Como a energia é o principal custo para os mineradores, o aumento da eficiência energética é essencial para manter o setor rentável. Ao mesmo tempo, como movimenta valores elevados, as empresas conseguem investir em inovação.
Segundo a pesquisa, o aumento da eficiência energética dos mineradores de bitcoin chega a 63% em relação ao ano passado, considerando a redução de 25% no consumo energético, citado anteriormente, ao mesmo tempo que a segurança da rede Bitcoin aumentou 23% no mesmo período — a segurança da rede está relacionada ao poder computacional do blockchain, ou seja, de quanta capacidade de processamento de dados os mineradores do mundo todo dedicam à rede.
Esse poder computacional é medido por uma taxa chamada de hashrate (ou "taxa de hash"). Em tese, se a hashrate aumenta, a rede se torna mais rápida e segura, mas o consumo energético tende a aumentar. Se a hashrate aumenta, e o consumo energético cai, fica claro o aumento na eficiência dos equipamentos utilizados na mineração. Em 2022, a hashrate da rede Bitcoin atingiu o maior valor de sua história.
O BMC também afirma que o consumo energético da rede em relação ao consumo energético global é muito pequeno e que as emissões de carbono da rede Bitcoin são "irrisórias" — o grupo diz que a mineração de bitcoin é responsável por apenas 0,085% do total de CO2produzido no planeta.
A mineração via PoW já foi alvo de uma tentativa de proibição na União Europeia, que acabou rejeitando a ideia, e também é questionada em outros países. No Brasil, o Projeto de Lei nº 3.825/2019, que regulamenta as criptomoedas no país, traz mecanismos de incentivos fiscais à mineração sustentável. Além do bitcoin, a segunda maior criptomoeda do mundo, o ether, da rede Ethereum, também usa atualmente o mecanismo de consenso PoW, apesar de estar em processo de mudança para a Prova de Participação ("Proof-of-Stake", ou PoS).
Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok