20% das contas digitais abertas no Brasil são suspeitas de fraude, diz pesquisa
Adulteração, ações de hackers e incompatibilidade em reconhecimento facial são fatores apontados para identificação de contas fraudulentas
Repórter do Future of Money
Publicado em 28 de março de 2023 às 12h11.
Os bancos digitais ganharam uma grande popularidade no Brasil em poucos anos, usando a tecnologia para facilitar e agilizar o processo de criação de contas. Entretanto, nem todas as contas digitais abertas no país são autênticas. Um estudo realizado pela empresa AllowMe e obtido com exclusividade pela EXAME aponta que, a cada 10 contas abertas, duas são suspeitas de fraude.
O estudo analisou mais de 1,3 milhão de transações de entrada de novos clientes em contas digitais. Do total, 266 mil contas, ou 20,1% do total, acabaram sendo reprovadas após uma análise usando ferramentas de validação do dispositivo, incluindo o uso de reconhecimento de biometria facial, em que o rosto de um cliente é usado como forma de confirmar a autenticidade do acesso.
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De acordo com a AllowMe, as rejeições das transações e suspeitas de fraude em contas envolvem possíveis razões como o hackeamento de dispositivos para realizar operações, medidas de adulteração durante a captura de imagem de rosto para validação de identidade e, também, uma incompatibilidade entre as fotografias registradas para análise e as que foram vinculadas à conta.
A empresa também destaca que, hoje, os criminosos já possuem métodos para aplicar golpe e roubar informações de cadastro de contas digitais para realizar transações. A forma mais comum é o roubo de imagens a partir de fotografias e vídeos para uso no reconhecimento via biometria facial. Há casos, ainda, de impressão de máscadas 2D com abertura para olhos e bocas, permitindo a realização de movimentos exigidos na validação.
Outro método que ganhou popularidade entre fraudadores é o chamado "spoofing", ou falsificação. A AllowMe explica que que a ação envolve o uso de recursos para burlar sistemas, como o disfarce de endereços de IP, geolocalização de aparelhos e uso de e-mails. No caso da biometria, ela envolve a substituição de imagens por versões manipuladas digitalmente.
Prevenção a golpes digitais
Deaulas Neto, gerente de produto sênior do AllowMe, explica que "esses e outros métodos são usados por fraudadores para criação de contas laranjas em instituições financeiras, justamente para a solicitação de empréstimos e emissão de cartões de crédito no nome de terceiros ou, ainda, para a lavagem de dinheiro. Muitas vezes, a vítima só toma conhecimento de que teve uma conta aberta em seu nome meses depois, quando recebe cobranças que desconhece".
Para ele, é importante que as instituições financeiras invistam cada vez mais em tecnologias para identificação de fraudes no meio digital. "Até por isso, é tão importante a prevenção em camadas, incorporando tecnologias de análise de dispositivo e de inteligência artificial para evitar a exploração de possíveis vulnerabilidades dos processos biométricos", destaca o executivo.
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