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Sem compartilhamento de senhas, Netflix dispara

Números de assinantes tem maior alta desde 2020 no terceiro trimestre — e ações sobem mais de 10%

Neflix: companhia cresce acima das expectativas de analistas (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Neflix: companhia cresce acima das expectativas de analistas (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 19 de outubro de 2023 às 10:30.

A Netflix sobe forte desde o after-market de ontem nos Estados Unidos, depois de mostrar que a ofensiva para o fim de compartilhamento de senhas deu resultado.

A companhia de streaming aumentou sua base de assinantes em 10,8% no terceiro trimestre frente ao ano anterior — no melhor resultado desde meados de 2020.

Foram cerca de 8 milhões de novos assinantes, acima das expectativas de 6,5 milhões a 7 milhões. Não deve ser um efeito isolado: a gestão da companhia indicou que um número similar deve vir no quarto trimestre.

As ações sobem mais de 13% no pre-market, continuando a tendência de alta observada desde ontem: os papéis subiram mais de 12% nas negociações pós-fechamento.

A companhia surpreendeu o mercado com resultados acima do esperado tanto em número de assinantes quanto em receita, reforçando as estimativas de que deve ser o único serviço de streaming a operar no azul neste ano.

Em conferência com analistas, a Netflix afirmou que deve aumentar os preços dos planos sem anúncios nos Estados Unidos, Reino Unido e França. Além disso, a companhia vai impedir que novos assinantes entrem para o plano básico sem propaganda tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil e no México.

A estratégia é a de empurrar novos consumidores que querem pagar barato para a versão com propaganda, a fim de fazer essa vertical decolar. Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, afirmou anteriormente que essa vertical “definitivamente não está na escala em que a companhia gostaria”. O volume de usuários em planos como esse aumentou 70% em relação ao segundo trimestre. Apesar disso, os anunciantes ainda esperam mais escala antes de investirem pesado em propaganda neste canal.

Enquanto a concorrência aumentou os preços em cerca de 25% no último ano, segundo o Wall Street Journal, a Netflix manteve a mensalidade congelada pelos últimos 18 meses. A estratégia cobrou seu preço, com a receita por usuário caindo 1% na comparação anual.

No terceiro trimestre, o ganho de assinantes impulsionou a receita da companhia, que cresceu 8% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 8,5 bilhões. O lucro cresceu em patamar superior, influenciados por menores gastos com produção de conteúdo, relacionados à greve dos roteiristas nos Estados Unidos.

O lucro operacional foi de US$ 1,9 bilhão, aumento de 25% ano a ano, acima das estimativas divulgadas anteriormente pela empresa. A margem operacional foi de 22,4% (o guidance era de 22,2%), aumento de três pontos percentuais ante o mesmo período de 2022.

Com a greve de atores em Hollywood se arrastando há mais de três meses, o volume de investimento em novas produções deve ficar US$ 4 bilhões abaixo da expectativa divulgada anteriormente pela companhia, totalizando US$ 13 bilhões ao fim de 2023.

Para lidar com essa situação — que pode ter impacto na aquisição de novos assinantes —, a companhia ressaltou aos investidores os bons resultados com séries antigas, licenciadas de estúdios da concorrência.

Um dos destaques foi Suits, série que acabou em 2019 e que, neste ano, quebrou recordes de visualização, com mais de um bilhão de horas assistidas no serviço. "Nós podemos ter mais oportunidades de licenciar mais títulos para complementar nossa programação original", afirmou Sarandos. Já existem conversas com a HBO e com a NBCUniversal para novos acordos.

Num cenário de competição crescente, com concorrentes que de multiplicaram nos últimos anos, a Netflix segue mantendo sua vantagem de pioneira. A empresa gera caixa, enquanto concorrentes como Disney, Warner, Paramount e Discovery queimam caixa para manter a vertical de streaming de pé. Além disso, não tem o desafio de conciliar o legado de TV a cabo, como as duas primeiras.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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