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Os próximos passos de Adam Neumann: ‘competir ou se associar’ ao WeWork

Fundador da startup de escritórios compartilhados acaba de se ver livre de uma cláusula de noncompete

Adam Neumann: nova investida de olho no WeWork (Kelly Sullivan for the WeWork Creator Awads/Getty Images)
Adam Neumann: nova investida de olho no WeWork (Kelly Sullivan for the WeWork Creator Awads/Getty Images)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de novembro de 2023 às 11:45.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17:31.

O pedido de recuperação judicial do WeWork veio com um timing no mínimo irônico. No fim de outubro, venceu a cláusula de não competição do fundador Adam Neumann, que agora não tem nenhuma amarra para lançar de vez sua outra empresa no setor imobiliário – a Flow, voltada para o mercado residencial.

Responsável tanto pela ascensão quanto pela queda meteórica do WeWork, Neumann deixou o comando da empresa em 2019, depois de uma tentativa frustrada de IPO que marcou o começo da derrocada da empresa de escritórios compartilhados. Na época em que foi tirado do comando, o empresário recebeu um pacote de mais de US$ 1 bilhão em ações, dinheiro e crédito.

Agora, na sua nova empreitada, a ideia é revolucionar o mercado de aluguéis residenciais, criando um novo conceito de experiência num momento em que o trabalho híbrido borrou os limites entre casa e trabalho.

Questionado pela revista "Fortune" sobre se a Flow competiria com o WeWork, ele foi categórico: “Eu acho que a Flow tem apenas duas escolhas: competir ou se associar”.

Ainda não há informações sobre quando a empresa será efetivamente lançada. Mas depois de um período de reclusão, o empresário voltou a ser mais ativo na mídia este ano, retomando a participação de conferências e algumas poucas entrevistas.

Operando já de modo piloto com dois prédios, no último ano, ele disse à "Fortune" que a Flow comprou 3 mil unidades de apartamentos em edifícios chamados multifamily — em que há um dono único para todas as unidades, voltadas todas para aluguel.

Se no WeWork a aposta era inicialmente num modelo “asset light”, com aluguel dos andares comerciais, na Flow, a ideia é ser a dona dos imóveis. Não está clara qual é a estrutura de funding.

O dinheiro para tirar a empresa do papel veio de um aporte de US$ 350 milhões com a Andreesen Horowitz (a16z), uma das maiores e mais tradicionais firmas de venture capital do mundo e um dos early investors do WeWork, feito em meados do ano passado.

A implosão do WeWork não impediu que a firma assinasse o maior cheque único na sua história, e alçou a Flow de largada ao patamar de unicórnio, com valuation de US$ 1 bilhão.

Na época, Marc Andreessen justificou a decisão em post no seu blog: “Frequentemente, subestimamos o fato de que uma única pessoa redesenhou a experiência de escritórios e liderou uma empresa global que fez essa mudança de paradigma. Essa pessoa é Adam Neumann”, disse.

Senso de comunidade

Assim como no caso do WeWork, Adam Neumann aposta em criar um senso de comunidade como um dos principais ativos na Flow, agora que as pessoas passam bastante tempo trabalhando em casa.

“Cerca de 66% dos jovens adultos desse país moram de aluguel. Eles gastam 34% de sua renda com isso. Ainda assim não há uma marca, nenhuma promessa, nenhuma experiência mais elevada sobre isso”, disse Neumann na entrevista à "Fortune".

A tecnologia para ter uma boa estrutura de trabalho no local de residência é outra aposta.

“A Flow está construindo uma marca residencial voltada para o consumidor, e estamos fazendo isso integrando tecnologia, comunidade e um time de classe mundial que coloca o residente em primeiro lugar”, acrescentou.

O modelo é completamente verticalizado: “Nós somos donos dos prédios, operamos os prédios, construímos a tecnologia, construímos a comunidade e os sistemas que as conectam”.

Num momento em que os americanos enfrentam uma “epidemia de solidão”, nas palavras do próprio empresário, a aposta é que esse modelo vai reduzir a rotatividade dos imóveis e elevar a rentabilidade.

Questionado pelo repórter sobre as lições que aprendeu na deblace do WeWork, Neumann sinalizou que hoje ouve mais as pessoas ao seu redor. “Acho que estávamos rodeados de pessoas muito inteligentes. Mas, indo além, eu me cerco não só de pessoas capazes, mas que estão confortáveis em me dizer o que pensam”, explica Neumann.

“Nosso family office investiu em mais de 50 companhias. Ao dar um conselho ao empreendedor e perceber que ele não está ouvindo, percebi que essa era uma parte de como eu costumava agir. E entendi que é necessário ouvir verdades difíceis.”

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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