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Reestruturação

No primeiro ano no Brasil, Houlihan Lokey quer ir além das reestruturações

Em meio à ressaca de juros altos, um dos maiores bancos de investimento do mundo foi tomado pela assessoria para renegociação de dívidas; agora, aposta também na vertical de M&As e captação de recursos, diz Bruno Baratta

Baratta: diretor do Houlihan Lokey no Brasil vê Selic a 10% como insuficiente para balanços das empresas se ajustarem (Foto: Germando Lüders) (Germando Lüders/ Houlihan Lokey/Divulgação)
Baratta: diretor do Houlihan Lokey no Brasil vê Selic a 10% como insuficiente para balanços das empresas se ajustarem (Foto: Germando Lüders) (Germando Lüders/ Houlihan Lokey/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 1 de abril de 2024 às 09:44.

Última atualização em 1 de abril de 2024 às 10:06.

Depois de uma seca de liquidez pós-crise de Americanas e Light na primeira metade de 2023 e de um restante de ano de cenário macroeconômico ainda cambaleante, 2024 ainda vai ser um ano de muitos ajustes nos balanços das empresas.

“Os balanços que se alavancaram a 2% a 4% e ficaram desajustados a 10% a 14% continuam assim. Tem muito a ser ajustado por mais que a liquidez agora aguente”, afirma Bruno Baratta, à frente da operação brasileira do Houlihan Lokey.

Um dos maiores bancos de investimentos do mundo, o Houlihan abriu seu escritório em São Paulo, o primeiro na América Latina, há um ano e desde então vem numa maratona de assessorias em renegociações de dívidas e ajustes de balanço.

“Nesse primeiro ano fomos quase que atropelados por reestruturações, não faltou trabalho”, diz Baratta, um veterano que veio da concorrente Lazard no país.

O Houlihan já representava alguns clientes que eram credores internacionais de empresas brasileiras, com atuação em renegociações no exterior como a Odebrecht, atual Novonor, e da Andrade Gutierrez.

Segundo ele, agora, mesmo com mais liquidez no mercado, a queda de juros para patamares de 10% ainda será insuficiente para deixar o mar calmo.

As recuperações judiciais, tão em alta em 2023, devem diminuir e as empresas devem consigam negociar mais de forma privada, com recuperações extrajudiciais também ganhando mais relevância.

Foi o caminho adotado pela química Unigel, que tem um grupo de credores assessorado pelo Houlihan.

Depois de um acordo com parte dos credores, a empresa apresentou, em fevereiro, um plano de recuperação extrajudicial para quitar R$ 3,9 bilhões em dívidas. Se obtiver sucesso, as dívidas serão cortadas em 15% e 50% da companhia irão para as mãos dos credores.

Além da Unigel, o Houlihan está atuando nas crises de Gol, Intercement e Oi.

Diante do cenário atual, Baratta também vê a possibilidade para aquisições oportunistas se intensificarem.

A chegada do Houlihan Lockey no Brasil vem com o objetivo de ir muito além no portfólio de serviços do banco, o que inclui assessoria para fusões e aquisições, captação de recursos em equity e dívida e pareceres financeiros.

O banco – um dos maiores IBs independentes, avaliado em US$ 8,75 bilhões e com mais de 300 managing directors e em18 países – tem entre suas fortalezas uma equipe de cerca 30 pessoas bastante seniores para a cobertura de fundos de private equity, crédito e family offices, diz Baratta.

Com uma equipe de 10 bankers, neste mês a instituição reforçou o time com a chegada de Rafael Pereira, da OpenCo, para ser senior advisor para tecnologia e de fintechs, onde vê grande potencial para M&As.

O setor é a segunda grande aposta de atuação no segmento para a Houlihan no Brasil, depois de óleo e gás, que deve representar parte relevante das operações neste ano.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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