NA SUA CESTA: Os chineses estão inundando o mercado brasileiro. Boa notícia para a Casas Bahia
Fabricantes asiáticas tem oferecidos preços mais baixos no Brasil, permitindo à varejista fazer mais ofertas sem machucar margens. Renato Franklin, CEO da marca, fala sobre os desafios e a estratégia para 2025


Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 25 de abril de 2025 às 11:05.
Última atualização em 25 de abril de 2025 às 11:09.
Em meio a seu processo de reestruturação financeira e operacional, a Casas Bahia ganhou uma forcinha externa.
A chegada de mais marcas de fabricantes de eletrodomésticos e eletrônicos estrangeiros, sobretudo chineses, tem ajudado o varejo a operar com preços mais baixos e preservar margem – num momento em que o consumo começa a sofrer com o ambiente de juros elevados e uma oferta mais conservadora de crédito.
"A competição entre os varejistas está muito racional. Não vemos ninguém fazendo loucura ou abrindo mão de margem para tentar crescer", afirma Renato Franklin, CEO da Casas Bahia. O executivo é o entrevistado do episódio dessa semana do Na sua cesta.

A entrada das marcas chinesas, como a recém-chegada Jovi, de celulares, trouxe um impacto considerável, com preços mais baixos e produtos inovadores. "Com os outros países performando um pouquinho pior do que a expectativa, o Brasil ganha relevância e prioridade. A pressão por crescimento no Brasil acaba nos dando um pouco mais de poder de negociação", explica Franklin.
O executivo afirma que isso pode ter um efeito sobre o faturamento, compensado pela rentabilidade: “A receita total não cresce, porque você vendia um celular por R$ 899, e agora ele vai vender por cerca de R$ 700. Mas, na prática, você vende mais telefone para fazer o mesmo tanto de dinheiro", relata Franklin.
A reestruturação financeira e a recuperação extrajudicial
Essa nova dinâmica de oferta vem num momento em que a Casas Bahia tem se dedicado à sua reestruturação financeira. Em 2024, a empresa passou por um processo de recuperação extrajudicial, renegociando com os bancos, especialmente Bradesco e Banco do Brasil, novas condições para uma dívida de R$ 4,3 bilhões.
"O reperfilamento da dívida que fizemos no ano passado foi um movimento decisivo para tirar a pressão de curto prazo. Não fomos ao juiz pedir uma pausa, negociamos com os credores e homologamos esse acordo, o que nos deu estabilidade para focar na operação", explica Franklin.
Esse movimento foi crucial para garantir que a empresa tivesse tempo e condições de se reorganizar sem o risco imediato de insolvência.
Do lado operacional, uma das peças-chave foi a retomada de fôlego do crediário, por meio de uma estrutura de FIDC, que pesa menos sobre o balanço.
A concessão de crédito passou de R$ 600 milhões anteriormente para um patamar de R$ 800 milhões a R$ 850 milhões por mês.
"O crediário está crescendo um pouco mais do que o previsto. Batemos recorde de R$ 1 bilhão na Black Friday. Isso tudo é muito relevante porque contribui para a melhoria de margem da companhia", explica Franklin.
Para Franklin, o crediário também desempenha um papel fundamental na expansão da marca, pois amplia o mercado endereçável e cria uma base de clientes fiel que tende a voltar para novas compras.
Embora ainda veja trabalho a fazer, o CEO está otimista sobre o futuro da Casas Bahia em 2025.
"Queremos continuar no caminho da eficiência operacional e da redução de custos. Isso nos permitirá aproveitar as oportunidades que surgirem, mesmo em um cenário desafiador", diz Franklin.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado