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Mídia

Crise da mídia: Disney fecha fivethirtyeight e reorganiza programas jornalísticos

Site de previsões foi fundado por Silver em março de 2008 e recebeu o nome em referência aos 538 delegados dos Estados Unidos

Nate Silver, fundador do fivethirtyeight: "site nunca teve pessoas de estratégia suficientes para ajudar o negócio a crescer" (Jeremy Sutton-Hibbert/Getty Images)
Nate Silver, fundador do fivethirtyeight: "site nunca teve pessoas de estratégia suficientes para ajudar o negócio a crescer" (Jeremy Sutton-Hibbert/Getty Images)
Luiza Vilela

Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 6 de março de 2025 às 18:32.

"Distinguir o sinal do ruído requer conhecimento científico e autoconhecimento", costuma dizer Nate Silver, economista e gênio das estatísticas. A máxima serviu de base para Silver construir um site de previsões que mudou a política e os esportes americanos, o fivethirtyeight.com.

Durante mais de 15 anos, o portal foi símbolo do uso inteligente de dados. Nesta quarta-feira, o fivethirtyeight.com virou símbolo por outro motivo: fechou as portas, escancarando o momento complexo no mercado de mídia e no cenário político.

O fim do site veio, segundo o Wall Street Journal, como parte de uma reestruturação mais ampla da ABC News e Disney Entertainment. Cerca de 200 pessoas foram cortadas nesses dois canais, em conjunto com toda a equipe do fivethirtyeight.

O encerramento das atividades não veio de uma hora para outra. A equipe do site já vinha encolhendo nos últimos anos, especialmente após Silver deixar a empresa ao término de seu contrato com a Disney. Os 15 funcionários restantes, desligados nesta quinta-feira, representam menos da metade da equipe de 2023.

“Meu coração está com as pessoas que ainda estão lá. Elas eram extremamente dedicadas e produziram dados e análises valiosas para todos que querem entender melhor a política. Elas mereciam muito mais”, destacou Silver em seu perfil no X (antigo Twitter).

E acrescentou em seu blog autoral, Silver Bulletin, que "a Disney foi "generosa ao manter o site por tanto tempo", com uma "equipe editorial incrivelmente talentosa", mas pontuou que o site nunca teve "pessoas de estratégia suficientes para ajudar o negócio a crescer e se sustentar."

Além do fivethirtyeight, outros programas jornalísticos da Disney também sofreram mudanças. O "20/20" e "Nightline" serão fundidos em uma única produção — que vai resultar em mais cortes de empregos, de acordo com fontes do WSJ. As três horas diárias do Good Morning America serão compiladas uma única equipe de produção. E a Disney Entertainment Networks, que administra o Freeform e o FX, também terá desligamentos em breve.

À frente do fato

O fivethirtyeight foi fundado por Silver em março de 2008 e recebeu o nome em referência aos 538 delegados que votam nas eleições dos Estados Unidos. De lá para cá, fez previsões se tornarem realidade: "adiantou" a vitória de Barack Obama em 2009, com acertos em 49 dos 50 estados nas eleições presidenciais daquele ano. Também previu os 35 vencedores das disputas para o Senado.

Sob análise do otimismo popular, acertou também a vitória de Trump. Duas vezes. Mas ter uma voz única num mercado cada vez mais competitivo, e cada vez mais polarizado, está cada dia mais difícil. Assim como no Brasil, nos EUA há excesso de pesquisas, e um descrédito enorme sobre elas dos dois lados do espectro político.

O portal foi pulando de veículo em veículo, de um blog para o New York Times, a ESPN, até cair na ABC, da Disney. Era tido como uma das fontes mais confiáveis no cenário político. Pelo menos até Silver deixar a Disney e levar consigo seus modelos estatísticos. As previsões do "guru das estatísticas" agora são operados na newsletter Silver Bulletin, no Substack.

O fivethirtyeight manteve previsões eleitorais e um rastreador de aprovação presidencial. Não se sabe o que sobrará dos recursos após o encerramento das atividades.

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Luiza Vilela

Luiza Vilela

Repórter de POP

Formada em jornalismo pela PUC-SP e cursa pós-graduação em Gestão da Indústria Cinematográfica pela FAAP. Trabalhou para Record TV, Revista Consumidor Moderno e outros veículos de cultura brasileiros. Escreve sobre cinema e streaming.

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