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Governança

Com ações fragilizadas, Hapvida propõe poison pill

Proposta busca evitar aquisições hostis ao modelo do que aconteceu com a Hypera

Hapvida: poison pill vai ser votado em assembleia (Leandro Fonseca/Exame)
Hapvida: poison pill vai ser votado em assembleia (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 20:05.

Última atualização em 27 de janeiro de 2025 às 20:42.

A operadora de saúde Hapvida convocou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para o dia 18 de fevereiro com o objetivo de incluir uma cláusula de poison pill em seu estatuto social.

A medida, conhecida como “pílula de veneno”, é um mecanismo de defesa contra aquisições hostis e reflete o esforço da família Pinheiro, que detém uma fatia de 36,5%, em proteger o papel decisivo que tem na empresa.

Com o preço das ações em baixa e um elevado free float de 56%, a Hapvida fica em uma posição vulnerável a movimentos de aquisição oportunista.

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E o movimento dos acionistas majoritários não veio do nada. A luz amarela acendeu para a família Pinheiro com o caso da Hypera, cujo principal acionista é o fundador João Alves de Queiroz Filho, com pouco mais de 21% da farmacêutica.

Carlos Sanchez, dono da concorrente EMS, começou a adquirir ações da Hypera diretamente no mercado, até alcançar uma posição relevante e apresentar uma oferta formal pela Hypera, que foi recusada pela companhia. Ele, porém, continuou aumentando sua participação.

O episódio demonstrou como movimentos estratégicos desse tipo podem ameaçar o controle de empresas, especialmente em setores altamente competitivos e com estruturas de capital pulverizadas. Por isso, a poison pill proposta pela Hapvida surge como uma solução preventiva.

De acordo com a proposta da Hapvida, qualquer acionista ou grupo que atingir uma participação de 20% no capital social será obrigado a realizar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para os demais acionistas.

Essa OPA deverá atender critérios rigorosos, como oferecer um preço mínimo que seja o maior entre 120% do valor econômico justo da empresa, 140% do maior preço de fechamento das ações nos últimos 12 meses, 140% do maior valor pago pelo adquirente no mesmo período ou 120% do preço de emissão em eventuais aumentos de capital.

Além disso, ações pertencentes ao adquirente ou aliados estratégicos não poderão ser contabilizadas em assembleias convocadas para deliberar sobre a operação, dificultando a consolidação de movimentos hostis.

O relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) destaca que a proposta reflete o momento delicado enfrentado pela Hapvida, que vem sofrendo com desafios operacionais e macroeconômicos.

A desvalorização recente de suas ações, negociadas a múltiplos considerados baixos (9x P/L 2025), aumenta o risco de que investidores enxerguem a companhia como uma oportunidade de aquisição a preços depreciados.

Apesar disso, a Hapvida continua sendo um player estratégico no setor de saúde suplementar, com seu modelo de baixo custo consolidado no segmento de planos acessíveis e potencial significativo de crescimento no mercado de baixo tíquete, observam os analistas do banco.

Vale a máxima: é melhor prevenir do que remediar.

Para quem decide. Por quem decide.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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