João Fonseca, tenista brasileiro (Rio Open/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 14h36.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 14h49.
João Fonseca voltou a fazer bonito e conquistou neste domingo, 16, o seu primeiro título de nível ATP da carreira, o ATP 250 de Buenos Aires. O tenista brasileiro venceu o argentino Francisco Cerundolo, número 28 do mundo, por 2 sets a 0, e de quebra ganhou 31 posições no ranking mundial, chegando a 68ª posição.
Se não bastasse tudo isso, ele quebrou outros recordes, entre eles, de ingressar no top 10 dos tenistas mais jovens a decidir um título desde 2000, com 18 anos, 5 meses e 26 dias. Ele superou, por exemplo, a lenda Roger Federer, que aos com 18 anos e 6 meses, foi vice-campeão em Marselha, em 2000.
Antes disso, Fonseca já havia feito história no início deste ano ao entrar para o Top 100 do ranking da ATP, se tornando o brasileiro mais jovem a conseguir este feito. Até então, a marca pertencia a Cássio Motta e Gustavo Kuerten, que conseguiram a marca aos 19 anos.
Criado em 1973, o ranking da ATP já teve 27 tenistas brasileiros entre os 100 melhores do mundo na lista masculina de simples. Entre os mais jovens, além de Fonseca, Guga e Motta, contemplam a lista Thomaz Bellucci e Jaime Oncins.
Ao longo da carreira profissional, que começou recentemente, Fonseca já soma US$ 1,07 milhão (R$ 6,1 milhões) com premiações. O título do ATP de Buenos Aires rendeu US$ 100,1 mil (R$ 570,4 mil) ao brasileiro.
A pergunta que fica agora é se, com esse sucesso fulminante, João Fonseca pode se tornar um novo ídolo brasileiro e fazer com que o tênis volte a ser uma 'febre' entre os brasileiros, assim como foi com Guga.
"O histórico recente de João Fonseca é de um jovem que conseguiu, com sua idade, mais do que Guga tinha conquistado com a mesma. Isso não garante, mas sugere que o potencial de João é maior, e por isso, vai já gerar expectativa de que pode conquistar mais do que Guga conquistou. Posto isso, considerando os recursos de comunicação disponíveis hoje, e como o esporte é consumido, em diferentes canais, é razoável pensar que Joao possa ter, antes de conquistar o que Guga conquistou, contratos de patrocínio maiores, em termos relativos, atualizados, do que Guga teve. O poder dos atletas está crescendo mais do que o dos torneios e dos esportes. As figuras individuais são atrações de peso cada vez maior na indústria, aponta Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.
“Este momento do João Fonseca pode trazer inúmeros benefícios para a indústria esportiva, gerando mais interesse pelo tênis, tanto para praticá-lo, quanto para acompanhar as competições. Ontem o nome dele atingiu a nota máxima em termos de busca, de acordo com o Google Trends, e hoje ele está no Top5 dos assuntos mais comentados no X - antigo Twitter. É o timing perfeito para instituições, marcas e clubes potencializarem sua atuação em torno desse esporte”, comenta Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência que promove experiências internacionais para amantes do tênis em parceria com a academia Tennis Route. A empresa também comercializa pacotes para os torneios de Roland Garros e Wimbledon.
“João Fonseca está no início de sua trajetória e, apesar de seu talento inegável, seu cartel ainda não pode ser comparado ao de Guga. No entanto, a era digital mudou a dinâmica da construção de ídolos: redes sociais e a velocidade da informação fazem com que seu nome, rotina e conquistas se propaguem rapidamente, acelerando não só sua projeção, mas também a criação de oportunidades para ele e para as marcas que queiram se associar a essa ascensão", afirma Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
"João Fonseca é um fenômeno. Apesar da pouca idade, demonstra uma maturidade e uma performance ímpar. Fora das quadras, o jovem atleta já se encontra cercado de grandes e poucas (o que é o ideal para construir uma associação efetiva) marcas internacionais", aponta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
Natural do Rio de Janeiro, o tenista conquistou dois títulos no último mês, o Next Gen Finals e o Challenger de Camberra, e no Austrália Open disputado há algumas semanas, venceu Andrey Rublev, número 9 do mundo. Nesta disputa, ele se tornou o mais jovem da Era Aberta a entrar na chave de um Grand Slam.
Fonseca já havia chamado a atenção em outros torneios, mas todos eles juvenis; em 2023, com apenas 17 anos, conquistou o conquistar o US Open juvenil, e em 2022, foi um dos destaque da delegação brasileira que conquistou a Copa Davis Juvenil.
"Ver surgir um novo fenômeno brasileiro do esporte é sempre uma grande notícia. Pelo histórico recente do atleta, percebemos que existe uma bela história nos seus próximos anos, mesmo em um esporte disputadíssimo e com grandes estrelas pelo mundo", aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
Agora com o Rio Open, especialistas entendem que a presença de João Fonseca e o título do ATP Buenos Aires tornam o torneio ainda mais atrativo para as marcas. “Ter o Rio Open é fundamental para o tênis no Brasil. Com grandes nomes da modalidade, e agora o João Fonseca como realidade, no nosso quintal, mantém aquecido o interesse no esporte como um todo", afirma Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e que é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.