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O estilista Tommy Hilfiger, durante lançamento de uma coleção: marca já foi vítima de fake news sobre racismo e homofobia (Andrew Kelly/File Photo/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 1 de setembro de 2020 às 12h44.
Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 15h13.
A Tommy Hilfiger está aderindo de vez à economia circular. A marca americana, pertencente ao grupo PVH, que também controla a Calvin Klein, anunciou uma série de compromissos para tornar sua moda mais sustentável. A pvempresa definiu 24 metas divididas em duas vertentes: uso consciente dos materiais e inclusão social.
No próximo ano, a marca pretende produzir 1 milhão de peças de denim usando materiais reciclados. Em cinco anos, a meta é fazer 3 milhões. Também em 2025, os três produtos mais vendidos da empresa serão totalmente circulares, ou seja, todo o material utilizado poderá ser rastreado e reaproveitado na cadeia de produção. As metas também incluem abolir o uso de polyester, que tem origem fóssil, e reciclar 40% do nylon. Em 2030, a empresa pretende utilizar apenas fontes renováveis de energia.
O setor de moda vem adotando estratégias para reduzir os impactos da produção, especialmente da lavagem do jeans. O uso intenso de água e produtos químicos torna o processo um dos mais poluidores do mundo. Até mesmo marcas de luxo, como a Louis Vuitton, têm planos de vender roupa reciclada.
Na Tommy, a mudança começa com o treinamento dos estilistas em design circular. Cerca de 80% dos profissionais contratados pela marca já foram capacitados para criar produtos que possam ser reaproveitados.
A PVH, controladora da marca, é uma das signatárias da iniciativa Make Fashion Circular, criada pela Fundação Ellen MacArthur, que defende o modelo circular. Um relatório produzido pela entidade aponta que menos de 3% dos materiais utilizados na indústria da moda são reciclados. Com isso, o setor perde, anualmente, 500 bilhões de dólares por jogar fora matérias primas reaproveitáveis.
Além do desenvolvimento de produtos circulares, a Tommy vem reduzindo o impacto da produção com a gestão dos recursos hídricos. No ano passado, mais de 70% do algodão comprado pela marca veio de fazendas sustentáveis. Na coleção da próxima primavera, a meta é ter metade das peças alinhadas à nova estratégia de sustentabilidade.
A Tommy Hilfiger, principalmente nos anos 90, foi muito associada à comunidade negra americana, especialmente por vestir uma série de rappers famosos, como Coolio. Era uma estratégia do seu fundador, que percebeu o potencial de divulgação da cultura rapper, que estava em ascensão, e distribuiu roupas para diversos artistas.
Na mesma época, no entanto, Hilfiger foi vítima de uma campanha de fake news o acusando de racismo. Uma corrente de e-mails descrevia um suposto episódio no programa de Oprah Winfrey, em que a apresentadora teria perguntado sobre declarações racistas dadas pelo empresário. Ao admitir o fato, Hilfiger teria sido expulso do programa. A história não passava de uma mentira. Anos mais tarde, em 2007, Winfrey o convidou para ir ao programa e desmentiu a fake news.
O estilista também foi vítima de homofobia. Ao separar da sua esposa, em 2001, desfazendo um casamento de 20 anos, surgiram rumores de que Hilfiger seria gay. Como resposta, ele declarou: “Eu amo as mulheres.”
A marca, no entanto, tem um histórico de promover a diversidade. Em maio, a grife manifestou apoio ao movimento Vidas Negras Importam, nos Estados Unidos. Também investiu 5 milhões de dólares em uma plataforma para aumentar a representatividade de negros e indígenas na indústria da moda. Entre as 24 metas, está a de atingir paridade de gênero nos cargos de liderança, até 2030.