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Summit ESG: como se preparar para a conta das mudanças climáticas?

Modelos preditivos se tornaram cada vez mais relevantes na estratégia das empresas que precisam estar adaptadas ao aumento da frequência dos eventos climáticos extremos; setor de seguros busca aumento da capilaridade

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 5 de julho de 2024 às 15h15.

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A aceleração dos efeitos das mudanças climáticas tem levado à revisão permanente dos impactos socioeconômicos. Recentemente, o Brasil viu nas enchentes no Rio Grande do Sul o tamanho que pode ser a conta.

O painel "Quem paga a conta dos impactos das mudanças climáticas", mediado por Rodrigo Caetano, editor de ESG da Exame, recebe Dyogo Oliveira, diretor-presidente da CNSeg, e Karl Gutbrod, CEO da meteoblue AG para debater o tema.

O encontro integra a agenda do Summit ESG 2024, promovido pela Examea maior publicação de negócios do Brasil, e faz parte de uma série de eventos do “Mês do ESG 2024”.

Rodrigo Caetano, editor de ESG da Exame, recebe Dyogo Oliveira, diretor-presidente da CNSeg, e Karl Gutbrod, CEO da meteoblue AG

Dyogo Oliveira, da CNSeg, e Karl Gutbrod, da meteoblue AG, em painel mediado por Rodrigo Caetano, da Exame (Reprodução)

Tragédias como a do RS e a aceleração dos eventos climáticos passam pela adaptação e têm reflexos diretos no setor de seguros.

Oliveira, da CNSeg, é categórico: "A mudança climática já aconteceu". O executivo concorda que tem havia um aumento da frequência e da severidade dos eventos e lembra que o setor de seguros é o primeiro a ser impactado quando acontece um desastre natural.

No Brasil, cita Oliveira, 93% dos municípios sofreram algum tipo de incidente climático nos últimos dez anos. Em 2.640 deles, houve 4,2 milhões de desabrigados e 2,2 milhões de moradias danificadas, além de uma perda estimada de R$ 320 bilhões para o setor privado, além dos impactos na infraestrutura pública. Ainda segundo o representante da CNSeg, 70% dessas perdas ocorreram nos últimos três anos.

"É clara a mudança e ela veio para ficar. Isso impacta muito o setor de seguros, de um lado, pelo que já está segurado. Dentro do padrão que vimos até aqui, o setor de seguros brasileiro é capaz de absorver as perdas, como aconteceu agora no Rio Grande do Sul. Existem reservas técnicas e o resseguro, com diversificação e pulverização de risco", detalha Oliveira.

No entanto, segundo o executivo, há o gap de cobertura, ou seja, o percentual da população que tem seguro no Brasil é muito baixo. No caso da frota do país, por exemplo, apenas 30% têm seguro. Em residências o número é menor, chegando a 15%. "O primeiro grande desafio que nós vamos ter nos próximos anos é ampliar a cobertura do seguro, além de estruturar alguns seguros voltados para infraestrutura e também para atender as vítimas das catástrofes.

Desafio da nova realidade

Trabalhar com modelos preditivos se tornou ainda mais desafiador com os desafios trazidos pelos eventos climáticos. A meteoblue AG, de Gutbrod, é especialista na área. "São eventos que não conseguimos mais captar pela medição da frequência em estações meteorológicas. Não existe mais essa base de dados que nos mostra como vai ser daqui a 10 ou 30 anos", alerta.

Com isso, a criação dos modelos se tornaram fundamentais para, a partir do que aconteceu no futuro, calcularem o que vai ocorrer no futuro. Mas é preciso, como explica Gutbrod, "injetar fatores que levam em consideração mudanças como a presença de dióxido de carbono na atmosfera, radiação, possivelmente efeitos de cobertura de solo e desmatamento, e ainda alterações de temperatura dos oceanos.

"Sempre existe uma incerteza em relação ao futuro, por isso trabalhamos com vários cenários", adverte Gutbrod. A partir daí, a organização toma uma decisão segundo o risco que está disposta a correr.

Summit

O Summit ESG da Exame é considerado o maior evento ESG da imprensa nacional e reúne debates que refletem a cobertura constante da Exame sobre os principais temas sociais e ambientais de interesse global.

Neste ano, foram realizados 22 painéis, organizados em oito blocos temáticos. Entre os temas abordados estão: Cadeias de Produção Sustentáveis, Inclusão e Empoderamento Econômico, Transição para uma Economia de Baixo Carbono, Financiando a Transição, Bioeconomia e Agro Sustentável, Soluções para a Transição Energética, Economia Circular e Adaptação e Transição Justa.

A cada semana, dois blocos foram veiculados. Além disso, em junho, a Exame publica o Melhores do ESG, principal guia de sustentabilidade do Brasil, realizado há mais de duas décadas. A premiação das empresas que mais contribuíram para o desenvolvimento sustentável do país aconteceu no dia 17 de junho, celebrando organizações que se destacam não apenas pelo lucro, mas também pelo compromisso com o desenvolvimento social e a preservação ambiental.

Acompanhe tudo sobre:Mês do ESG 2024ESGMudanças climáticasEmpresas

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