Conta para conter urgência climática passa dos bilhões para trilhões de dólares
John Kerry cobra atitude; urgência climática encarece a conta para conter danos e já se fala não mais em bilhões, mas em trilhões de dólares de investimentos
Agência de notícias
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 12h15.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2024 às 16h27.
A transição energética exigirá também uma avaliação cuidadosa dos "custos e compensações", alertou al Jaber, que participou na mesa redonda na sede da Agência Internacional de Energia ( AIE ) juntamente com os responsáveis pelas duas próximas conferências sobre a mudança climática em Baku ( COP29 ) e Belém ( COP30 ).
Os governos dos Emirados, do Azerbaijão e do Brasil anunciaram na semana passada uma "troika" para manter viva a dinâmica das complexas negociações climáticas nos próximos dois anos.
A conta sobe
"Temos que começar a pensar em trilhões, não em bilhões" de dólares, declarou Jaber, rodeado por negociadores de países como Estados Unidos, Alemanha e Dinamarca. Mas "temos que ser equilibrados na oferta e na demanda de energia", tendo em conta os "custos e compromissos", acrescentou.
"No ano passado, o total de investimentos em energia limp a no mundo foi de US$ 1,8 trilhão (R$ 8,7 trilhões na cotação da época), em comparação com US$ 1 trilhão (R$ 4,8 trilhões) em energia fóssil", acrescentou o diretor executivo da AIE, Fatih Birol. "Mas esses US$ 1,8 trilhão não são suficientes para atingir os nossos objetivos climáticos", alertou.
"E ainda mais importante, apenas 15% desses US$ 1,8 trilhão foram produzidos em países emergentes ou em desenvolvimento ", explicou o representante da AIE.
A próxima COP29, em Baku, tem, entre outros objetivos, propor um novo objetivo de investimento dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento na luta contra a mudança climática.
A meta atual é de US$ 100 bilhões (R$ 495 bilhões na cotação atual) por ano e foi oficialmente alcançada.
Mas os quase 200 países que compareceram à COP28 de Dubai reconheceram na declaração final, em dezembro, que as necessidades financeiras desses países em desenvolvimento são da ordem de US$ 5,8 trilhões a US$ 5,9 trilhões até 2030 (R$ 28,7 a R$ 29,2 trilhões).
"Temos de colocar o dinheiro na mesa", acrescentou o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry.
Pessoas nas ruas
"A transição energética causará turbulência energética, se nos concentrarmos apenas no fornecimento", estimou Jaber, chefe do grupo petrolífero emiradense e ao mesmo tempo do principal consórcio de energia limpa do país.
A instabilidade global, com frentes de guerra abertas na Ucrânia e no Oriente Médio, causou tensão no mercado energético mundial e esta situação não tem perspectivas de melhorar, acrescentou Bitol.
"Às vezes, os países não fazem investimentos na transição limpa porque já têm lucros seguros procedentes dos combustíveis fósseis", disse o ministro dinamarquês do Clima e da Energia, Dan Jorgensen. "Queremos que esta transição seja justa e baseada nas necessidades das pessoas", acrescentou.
Muitos países europeus têm sido palco de protestos de agricultores e transportadores nos últimos meses, devido às exigências da transição energética e dos planos de adaptação para todos os setores econômicos.
"Trata-se de pessoas nas ruas. E trata-se de encontrar uma maneira de fazer a transição juntos", disse Jennifer Morgan, enviada especial da Alemanha para o clima.