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Reciclagem de eletrônicos e eletrodomésticos: o Brasil é o quinto maior gerador do lixo eletrônico no mundo, diz estudo (Getty Images/Reprodução)
Repórter de ESG
Publicado em 20 de abril de 2023 às 10h10.
Última atualização em 26 de abril de 2023 às 10h21.
Atualmente, muitas companhias e marcas adotam a produção em grande escala para diminuição de custos de produção, por exemplo. Mas, no outro lado dessa moeda, um problema pode ser observado: como lidar com o resíduo gerado no pós-consumo? De acordo com a pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil - 2021 da The Global E-Waste Monitor 2020, o Brasil é o quinto maior gerador do lixo eletrônico no mundo.
Para solucionar este problema, em 2011, nasceu a ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos) que tem como objetivo implementar e operacionalizar a logística reversa de eletroeletrônicos. A iniciativa entra em convergência com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), e o Decreto nº 10.240/2020, que trata sobre logística reversa.
“O descarte ambientalmente correto é importante para o meio ambiente e a população, onde o consumidor tem um papel que é denominado ‘responsabilidade compartilhada’ pela legislação”, comentou Helen Brito, gerente de relações institucionais da ABREE.
Pensando nisso, a associação, que conta com mais de 5 mil pontos de recebimento em quase 1,4 mil municípios brasileiros, se preocupa em colocar em prática a logística reversa de forma coletiva. “Reunimos os principais elos da cadeia produtiva dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, além de contarmos com parceiros prestadores de serviços licenciados ao transporte, armazenamento e destinação final destes produtos em fim de vida”, disse Brito.
A reciclagem, segundo Brito, promove a sustentabilidade e que os produtos retornem às cadeias produtivas. Mas ainda há muitas dúvidas sobre como fazer a reciclagem de forma correta. “Isso gera um alerta”, afirma Brito. Levando em consideração esse 'alerta', a gerente compartilha que a associação tem planos de comunicação para educação ambiental e conscientização dos consumidores.
A logística reversa corresponde no processo de retornar resíduos ao início da cadeia de produção – como forma de evitar o descarte e a poluição ambiental. A logística reversa utiliza produtos como baterias, celulares e pilhas para serem reaproveitados de alguma maneira. Quanto mais empresas estão se conscientizando para a produção de resíduos, mais o assunto está se tornando uma preocupação pública. Então, este tipo de iniciativa traz opções de reutilização coletiva do lixo eletrônico, peças que se tornam obsoletas muito rapidamente.
“A ausência da cultura do descarte é um dos grandes desafios encontrados no setor, pois os resíduos não chegam na cadeia regularmente constituída de logística reversa de eletroeletrônicos, o que aumenta os danos ao meio ambiente e coloca em risco a saúde”, afirma Brito.
Segundo Brito, no caso dos eletrônicos, existem passos para assegurar que o descarte seja feito da maneira mais segura para o consumidor, visto que os produtos contêm materiais tóxicos como gases, metais e óleos. Em primeiro lugar, está a decisão do descarte. É importante separar o que será descartado de outros resíduos.
O segundo passo é remover baterias e dados pessoais de aparelhos como celulares, computadores e tablets. Fazer backup é uma alternativa caso queira salvar os dados. Um ponto de extrema importância é não desmontar os produtos, porque a desmontagem deve ser feita por profissionais treinados. Depois disso, é necessário encontrar o lugar correto para o descarte. No site da associação, por exemplo, existe uma lista com os pontos de recebimento que aceitam produtos como batedeiras, fones de ouvido, microondas e purificadores de ar.
A partir desse ponto a logística reversa começa efetivamente com a desmontagem e triagem (chamada manufatura reversa). Essa desmontagem correta por pessoas treinadas diminui as chances de riscos ao meio ambiente e à saúde. Depois disso, os materiais são encaminhados para a reciclagem ou para o descarte.
Depois disso, inicia-se a manufatura reversa que precisa cumprir exigências asseguradas nas leis, como a obtenção de licenças de órgãos ambientais por parte das empresas responsáveis – como é o exemplo do Certificado de Destinação Final. Isso garante que a destinação final do produto é adequada e que os materiais descartados receberam o devido tratamento e podem ser reintroduzidos como novos produtos.
Para Brito, as mudanças de hábitos fazem toda a diferença para que a reciclagem avance. “Colaborar com a logística reversa e, consequentemente com a economia circular, permite reavaliar seus processos produtivos e até mesmo os produtos que fabricam, avaliando seu ciclo de vida e a contribuição que este pode trazer num futuro processo de reciclagem”, concluiu ela.
A reciclagem é apenas o ponto de partida, muito discute-se sobre a possibilidade de transicionar a economia para uma economia circular, que repensa o processo para eliminar os resíduos desde o processo de planejamento de design, por exemplo.