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Qual é o estado atual da oferta de lítio no Brasil e no mundo?

Por mais que o Brasil seja produtor do metal, o país ainda não tem relevância em escala mundial

O mercado internacional de lítio ainda é imaturo em termos de ferramentas e transparência de precificação, com a demanda sujeita a solavancos sazonais e políticos. (zambezi/envato)
Wilson Brumer

Colunista

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 15h00.

O lítio é um metal abundante, com ocorrências significativas em vários países. As mais conhecidas reservas de lítio estão no Chile, Argentina, Bolívia, China, Austrália, Brasil e Zimbábue. Há também projetos sendo desenvolvidos em outros locais da América do Norte, Europa e África.

Há décadas, o lítio tem diversas aplicações em várias indústrias tradicionais, e, mais recentemente, na fabricação de baterias de íon-lítio.

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Até a popularização dos veículos elétricos, ocorrida nos últimos seis anos, a indústria mundial de lítio tinha porte modesto em comparação com a de outros metais.

Transição energética

A fabricação de veículos com tração por motores elétricos não é uma tecnologia nova, nem o uso de baterias de íon-lítio para eletrificar tais motores.  Entretanto, o grande crescimento da demanda por veículos elétricos nos últimos anos provocou um aumento substancial na demanda por lítio.

Em 2024 projeta-se que a demanda mundial por lítio alcance 1,2 milhão de toneladas/ano de carbonato de lítio equivalente (LCE), métrica usada nesta indústria, representando um crescimento de 900% desde 2017. Este aumento não aconteceria sem os incentivos à aquisição de veículos elétricos em muitos países, como a China, União Europeia, Estados Unidos e Índia.

Mercado de lítio: imaturo e volátil

O mercado internacional de lítio ainda é imaturo em termos de ferramentas e transparência de precificação, com a demanda sujeita a solavancos sazonais e políticos. Isso causa uma oscilação de preços, já que a oferta, embora abundante, é feita por produtores sem a estrutura das grandes mineradoras mundiais.

Para se ter uma ideia, em janeiro de 2023, o preço do LCE estava em torno de US$ 80/kg. Pouco mais de um ano depois, este valor não passava de US$ 13/kg. Acredita-se que este preço é o break-even para boa parte da oferta mundial, e seguramente não favorece investimentos em novos projetos. Inclusive o preço atual está em U$ 10/kg, o que torna muitos projetos em andamento não passíveis de financiamento e atração para investidores que não tenham uma visão de longo prazo.

De qualquer forma, a indústria acredita que a longo prazo a volatilidade de preços será normalizada, com o LCE atingindo algo entre US$ 20 e 25/kg.

Brasil, novo player mundial

No Brasil, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) opera desde 1991, porém com uma produção de 6 mil t/ano de LCE, relativamente pequena em relação à indústria global.

No Brasil, o lítio é encontrado principalmente no Vale do Jequitinhonha, a região mais carente de Minas Gerais, situada no nordeste do estado. Há alguns anos, investidores passaram a acreditar que a alta qualidade do mineral de lítio nesta região, aliada ao padrão operacional de ponta, pode originar operações muito competitivas internacionalmente para produção de material destinado à exportação.

Desde 2019, mais de 15 empresas registraram programas de sondagem geológica buscando reservas de lítio na região. O maior destes projetos, da canadense Sigma Lithium, já começou a operar, com capacidade equivalente a cerca de 36 mil t/ano de LCE.

Se todos os projetos previstos forem implantados, o Vale do Jequitinhonha poderá levar o Brasil a ter a segunda maior produção de concentrado de espodumênio (uma das principais fontes de lítio) do mundo, atrás apenas da Austrália.

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