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Prates sinaliza para transição energética gradual na Petrobras

Executivo exaltou as características do petróleo brasileiro, explorado no pré-sal, e lembrou que os recursos com o combustível fóssil financiam projetos de energia limpa

Sem pressa: segundo Prates, transição energética será "gradual, responsável e crescente" (Maria Magdalena Arrellaga/Bloomberg via/Getty Images)

Sem pressa: segundo Prates, transição energética será "gradual, responsável e crescente" (Maria Magdalena Arrellaga/Bloomberg via/Getty Images)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 8 de março de 2024 às 19h38.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta sexta-feira, 8, que a empresa fará a transição energética de forma gradual, responsável e crescente. A declaração foi feita ao longo do comentário sobre os resultados financeiros do ano passado.

“Estamos olhando para as novas energias sem abrir mão de uma hora para outra da produção de petróleo. Vamos fazer a transição energética de forma gradual, responsável e crescente. Nesse sentido, podemos comemorar nossos recordes de produção de petróleo e gás porque o nosso petróleo está entre os mais descarbonizados do mundo", disse Prates.

O executivo afirmou ainda que a Petrobras está entre as empresas que mais cresceram em produção em 2023 e com melhor índice de reposição de reservas. "Isso garante o nosso futuro e também os recursos necessários para os nossos projetos de baixo carbono."

Descarbonizado?

Ao citar o petróleo brasileiro entre os "mais descarbonizados", o executivo se referiu ao comparativo que a empresa costuma fazer entre a emissão média de CO2 equivalente por barril produzido na indústria mundial e a emissão do produto obtido no pré-sal, que seria 70% inferior. Seriam 17kg de CO2 por barril produzido no mundo,  contra 10 kg por boe no pré-sal (campos de Tupi e Búzios).

Ainda segundo Prates, a companhia está “conduzindo uma liderança consciente para a transição energética justa, produzindo energia acessível para as pessoas, descarbonizando nossas operações e usando do nosso conhecimento técnico para entrar em novos negócios de baixo carbono”.

O cenário internacional de 2023 foi apontado como mais desafiador do que o registrado no ano anterior por conta de fatores como o preço do petróleo no mercado internacional, que caiu 18%, e o diferencial do diesel para o petróleo, que diminuiu 23%.

Ainda assim, "com algumas desconfianças que enfrentamos no início, do ponto de vista até político, e tendo a diretoria completa tomado posse apenas em abril, fizemos de 2023 um ano de recordes. Começando pelos sucessivos recordes de valor das ações. Ao longo de 2023, o valor de mercado da empresa cresceu R$ 150 milhões. Nós tivemos nove ou dez recordes de cotação quebrados ao longo desse ano de gestão”, avalia o executivo. Nesta sexta-feira, 8, os papéis da Petrobras negociados na Ibovespa - ações PETR3 e PETR4 - caíram, respectivamente, 10,37% e 10,57%. 

Pauta global

As emissões de CO2 originadas do petróleo ainda são o principal problema das empresas do setor. Tanto que os combustíveis fósseis estiveram no centro das discussões na COP28, que aconteceu no ano passado, em Dubai. Depois de muitas negociações, foi possível aprovar a menção no documento final do encontro do objetivo de realizar uma transição para encerrar o uso de combustíveis fósseis. 

Paralelamente à exploração de petróleo, a Petrobras tem se dedicado a alguns projetos para avançar na pauta da energia limpa. Em fevereiro, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da PetrobrasMauricio Tolmasquim, declarou que a estatal vai reservar as unidades dedicadas de produção de combustíveis renováveis para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês).

A estratégia se deve ao fato de o produto ter valor agregado superior ao de outros produtos, como o diesel R, que, por ora, vai seguir sendo produzido majoritariamente em unidades de coprocessamento de óleos vegetal e fóssil. Ainda segundo Tolmasquim, a unidade totalmente dedicada à produção de BioQAV na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), terá capacidade para produzir 15 mil barris por dia (bpd) do produto, enquanto a unidade a ser ativada no Polo Gaslub, no Rio de Janeiro, vai produzir 19 mil bpd. Somada, a futura capacidade de 34 mil bpd vai representar até 30% do mercado atual brasileiro, volume, portanto, "relevante" nas palavras de Tolmasquim. (com Agência Brasil)

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