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Longevidade e inclusão: pesquisa da Dexco traz tendências sustentáveis de moradia

Estudo traz reflexões sobre as tendências locais e globais dos lares, considerando a opinião dos consumidores e especialistas da área

Futuro do morar: a Dexco prevê investimento de R$ 2,5 milhões para desenvolver novas soluções para o mercado (Reprodução/Getty Images)

Futuro do morar: a Dexco prevê investimento de R$ 2,5 milhões para desenvolver novas soluções para o mercado (Reprodução/Getty Images)

Fernanda Bastos
Fernanda Bastos

Repórter de ESG

Publicado em 4 de julho de 2023 às 13h53.

Última atualização em 4 de julho de 2023 às 14h39.

Até 2030, o Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isto, haverá uma mudança significativa  na acessibilidade, conforto e bem-estar nos lares, de acordo com o recém-lançado estudo O Futuro do Morar, realizado pela fabricante de itens de construção Dexco em parceria com a empresa de análise de tendências Spark:off. A pesquisa traz fatores como a inclusão – não só para pessoas com deficiência mas com qualquer tipo de restrição de mobilidade –, a importância da valorização de lares multigeracionais, assim como de moradias solo e famílias multiespécies.  

“O estudo traz a visão do consumidor para o que estamos almejando como companhia por meio das nossas 16 metas sustentáveis.", diz Marina Crocomo, diretora de Marketing e Design da Dexco, em entrevista exclusiva para a EXAME ESG

Pensando nesse desenvolvimento contínuo, a Dexco, antiga Duratex controlada pelo grupo Itaúsa, realizou um investimento de R$ 15 milhões em pesquisa e desenvolvimento durante os últimos cinco anos. Dentre os focos de pesquisa também estão os produtos sustentáveis, por exemplo, produtos economizadores de água. 

Em 2023, a empresa investe R$ 2,5 milhões para desenvolvimento de novas soluções para o mercado – de acordo com Crocomo, cerca de R$ 500 mil desse total foram investidos em pesquisas e soluções na vertente de ESG – como metas de uso de plástico e energia.

Já no ano passado, a companhia desenvolveu um novo modelo de papelão para as embalagens usadas em 30 produtos, o que correspondeu a 74% do volume usado pelas embalagens em clamshell (que conta com composição plástica).

Essa não é a primeira pesquisa que é compartilhada com o mercado, segundo a própria Dexco, a empresa realizou outros estudos, como o de análise da experiência do banho e da cozinha, dois ambientes onde os produtos das marcas Dexco estão muito presentes.

“Além do principal objetivo que é construir um estudo estruturado, para que tivéssemos um ponto de vista próprio de como seria esse futuro do morar para uso interno, a ideia é que as marcas tenham uma discussão em conjunto. Temos o objetivo de levar e compartilhar esse conteúdo com os parceiros, pensando em influenciar para a criação de um futuro mais sustentável”, afirmou Marcele Brunel, gerente de design estratégico da Dexco.

A pesquisa contou com uma mistura metodológica, com um mapeamento sociocultural e o levantamento de algumas verticais que contaram com comentários de mais de dez especialistas de arquitetura, paisagismo, engenharia, hotelaria, gastronomia e bem-estar sobre o futuro do morar.  

O futuro dos lares

Além da questão da longevidade, segundo Ed Warner, CEO da Monstionspot, apenas 8% das pessoas com deficiência usam cadeira de rodas – um estereótipo muito presente quando se fala de representação deste grupo minorizado. Segundo o estudo, marcas precisam considerar os outros 92% das pessoas que contam com alguma questão ligada ao acesso.

Já quando se discute a realidade dos lares multigeracionais, a pesquisa traz o dado que entre 2012 e 2022, ou seja, em um período de dez anos, aumentou para 137% as pessoas de 25 a 34 anos que não saíram de casa. Apesar do fato se referir aos EUA, essa é uma tendência global, por questões de conveniência, reforçada pelas consequências da pandemia.

Em contrapartida, o estudo afirma que cresceu em 43,7% o número de lares com um único morador no Brasil durante os últimos dez anos, segundo informações do IBGE – o que gerou uma crescente procura por apartamentos cada vez menores.

O levantamento diz  que o lançamento de apartamentos de até 30 m² cresceu mais de 20% nos últimos sete anos somente em São Paulo. “A demanda por novas unidades é de um e dois dormitórios. São pessoas solteiras, pequenas famílias, nenhum, um ou dois filhos. Isso vai ser cerca de 90% do mercado”, afirmou o empresário Ale Frankel no estudo. 

Em terceiro lugar, o estudo compartilha que, de acordo com o IBGE, o Brasil é o terceiro país do mundo com maior número de animais domésticos, ou seja, com as chamadas “famílias multiespécies”. Além disso, de acordo com o documento, os moradores têm valorizado mais detalhes da vizinhança e considerando que as relações de trabalho foram transformadas por resquícios da pandemia. Em outras palavras, o Brasil encara transformações com relação às estruturas da casa, que influenciam diretamente na maneira de consumo das pessoas.

Caminhos possíveis

Para Crocomo, o estudo só confirmou alguns detalhes que já eram percebidos por parte da companhia, mas, ele também foi visto como uma ferramenta essencial para apoiar com muito mais força o planejamento futuro de produtos e até de estratégias da Dexco. “Muita coisa que nós já fazemos e talvez nem ainda consigamos comunicar com a força que temos na categoria”, afirmou. 

E o resultado da pesquisa se conecta ao negócio da seguinte forma: o estudo traz conclusões e pontos que são discutidos internamente pela área de experiência do cliente para aprimoramento dos produtos. Um dos pontos de enfoque tem sido as vertentes de inclusão e longevidade – não só idosos mas para qualquer pessoa com mobilidade reduzida.

“Já temos produtos de acessibilidade, como barras de apoio muito aproveitadas pelo uso público hospitalar. Esse é um portfólio existente na Deca, por exemplo, temos esse portfólio há muito tempo, assim como nossos concorrentes”, apontou Crocomo.

Outra prioridade das marcas é a questão do design, ou seja, aprimorar produtos – como é o exemplo das barras hospitalares – já existentes no portfólio das marcas mas com um design de cores e formatos diferenciados para oferecer ao cliente outras experiências.

“Por que não trazer o design? Estamos provocando o time de desenvolvimento de produto para, ao mesmo tempo que se preocupa funcionalidade, trazer uma alternativa de estética apropriada para esses produtos em diferentes ambientes”, comentou.

Para isso, as marcas atuaram com as arquitetas Flavia Ranieri e Mariana Quinelato, especializadas em gerontologia, para o desenvolvimento de barras de apoio com porta-escova, sabonete e porta-xampu. Alguns deles, serão lançados na CasaCor em Brasília. 

“A estética dos produtos é efetivamente a inclusão, porque uma vez que você cria um produto que simplesmente atende uma questão funcional, isso não é necessariamente uma inclusão, é atender a uma questão específica. Inclusão é inserir uma característica de forma que a pessoa se sente igual no meio. Então essa preocupação com a estética e, ao mesmo tempo, com a funcionalidade tem a ligação com como enxergamos as oportunidades para os nossos produtos e entregas”, afirmou Brunel. 

Outro exemplo, de acordo com Crocomo, é a questão dos lares multigeracionais e o morar solo, que são opostos mas trazem contrastes importantes e detalhes sobre a abrangência do portfólio. “Quando você fala das necessidades dos lares multigeracionais é necessário atender diferentes gerações com diferentes estágios de vida, enquanto no morar solo, com apartamentos ou casas cada vez menores, é preciso em produtos que correspondam a essa necessidade”, afirma.

No entanto, Brunel complementa a fala: isso se traduz em oferecer diferentes tamanhos de produto, por exemplo. Pensando nessa versatilidade, a Dexco lançou, no ano passado, uma linha de cubas com apenas três tamanhos: P, M e G e três formatos: oval, quadrado e redondo – pensando em facilitar a experiência do cliente e dos vendedores ao encontrar e lidar com os produtos nos pontos de venda. 

Considerando a experiência do cliente, o Futuro do Morar ressalta quatro possíveis caminhos para lidar com essas novas formas de morar. A primeira delas é a valorização de práticas mais sustentáveis por parte dos consumidores, que estão atentos a esses fatores.

Em segundo lugar, está a otimização das atividades da casa por parte da tecnologia, gerando conveniência e praticidade. Outro ponto é a valorização da comunidade e dos vínculos, sejam eles físicos ou virtuais. E em último lugar, está a necessidade de pausas e criação de espaços para a qualidade de vida e reconhecimento da casa como pilar afetivo e local de descanso.  “O futuro do morar está totalmente ligado a estabelecer uma real conexão entre o eu, o planeta e a comunidade”, conclui o estudo. 

Integração entre as marcas

Para complementar essa busca por dados mais assertivos, entre 2021 e 2022, a Dexco criou o que chama de design office para gerar mais integração entre marcas no processo de desenvolvimento de produtos, que avalia, dentre muitos pontos, as tendências de mercado e as necessidades do consumidor, é o que explica Crocomo.

“Estamos falando de marcas que estão no mesmo segmento, e, por isso, acabam bebendo das mesmas fontes de tendências de consumo e do morar que são locais e globais. Então a ideia foi enriquecer esse processo do ponto de vista do design olhando de uma forma transversal para todas as marcas, isso tem muita ligação com a nossa estratégia que é estar cada vez mais voltada para o consumidor com o objetivo de fortalecer nossas marcas em torno de soluções mais completas”, disse. 

Além disso, foi criada uma área de design estratégico, onde Brunel atua ativamente, com foco na experiência do cliente. “Decidimos fazer isso por nossa conta entendendo que poderíamos conduzir uma pesquisa, que tínhamos envergadura o suficiente para conduzir junto com o Instituto. É com esse olhar de que entendemos o que é o futuro mesmo do morar e como os nossos segmentos e as nossas categorias de produtos podem se inserir neste futuro”, observou Crocomo. 

Segundo Brunel, o primeiro desdobramento da pesquisa é mais direto: direcionar o time de design, ao passo que é capaz de trazer mais perspectivas sobre planos futuros. “Não temos ciclos de desenvolvimento curtos, precisamos de, no mínimo, oito meses a doze meses para desenvolver as novas ondas de lançamento.

Então todos os times já estão muito focados em entender as prioridades para otimizar e alavancar os lançamentos. Além disso, destaco os times de comunicação que trabalham com o produto e é o porta-voz, seja do estudo para trocar com outros profissionais e outras marcas. Então há esse olhar colaborativo, o prosseguimento, de compartilhar o conhecimento adquirido”, pontua Crocomo

Como esse esse público, os consumidores e a geração que respondeu a pesquisa participa e enxerga essas questões de moradia? Como é que ela está pensando as suas práticas?, são perguntas essenciais para que a empresa esteja adequada também às práticas, desejos, objetivos e os valores das pessoas que consomem. A ideia é facilitar a conexão da empresa com seus stakeholders, comenta Brunel. 

“A nossa jornada é complexa. Não estamos falando de um produto de consumo rápido. Nosso produto tem um valor agregado alto, então também pensamos do ponto de vista de como companhia e como design office pode facilitar a jornada como um todo”, afirmou Brunel. Mas, as diretoras afirmam que a empresa encara um desafio: facilitar e diversificar as etapas de instalação e desinstalação dos produtos. 

Por fim, Crocomo conclui que – apesar do legado extremamente industrial e de uma operação muito forte – a empresa tem buscado fomentar marcas que entendem o consumidor e que entregam soluções interessantes. Desde pisos de revestimento, passando por metais de louças, por exemplo, pensando em atuar ao lado de todas as necessidades do consumidor, trazendo, assim, uma diversidade para a companhia.

“Pensar no consumidor pode parecer trivial, mas não, é um desafio super importante da nossa área, faz parte da estratégia da companhia como um todo. E a sustentabilidade para mim é trazer o consumidor para a conversa. Não é só uma chamada nossa e do que queremos, senão não sobrevivemos, mas essa é a forma que temos de continuar fortes e relevantes no mercado”, afirmou.

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