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"Apenas 1% do que é anunciado nas Cúpulas do Clima chega nos povos indígenas", diz Sonia Guajajara

Em entrevista exclusiva à EXAME, a Ministra dos Povos Indígenas destacou a necessidade de incluir as populações originárias no centro do debate e destinar recursos pelos serviços que prestam ao planeta

Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas do Brasil: "O financiamento ainda está longe de ser suficiente frente ao que precisamos para combater as emergências" (Leandro Fonseca/Exame)

Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas do Brasil: "O financiamento ainda está longe de ser suficiente frente ao que precisamos para combater as emergências" (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 19h48.

Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 19h50.

Os povos indígenas, grandes guardiões da Terra, enxercem um papel crucial no combate à crise climática e conservação de recursos naturais. Embora representem apenas 5% da população global, preservam 82% da biodiversidade viva no mundo. Seus territórios funcionam como uma grande barreira contra o avanço do desmatamento e expansão agrícola, garantindo que a floresta permaneça de pé.

Para a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, os povos originários deveriam ser remunerados pelos serviços que prestam naturalmente para a proteção. "O financiamento ainda está longe de ser suficiente frente ao que precisamos para combater as emergências. Infelizmente, apenas 1% do que é anunciado nas COPs chega de fato para nós", disse em entrevista exclusiva à EXAME, durante a Conferência do Clima da ONU (COP29), em Baku, no Azerbaijão.

O financiamento climático é o tema central desta edição da COP e clama por um acordo global para levantar valores na casa de trilhões de dólares, visando ajudar países em desenvolvimento a driblarem a crise do século e investirem em mitigação e adaptação climática.

Às vésperas da data prevista para o fim das negociações em Baku e no dia de temática Povos Indígenas e Gênero, o clima é de frustração. Pela manhã, o rascunho da tão esperada meta global de financiamento climático (NCQG) decepcionou pela falta de consenso entre as nações -- e deixou uma série de lacunas.

Segundo Guajajara, é essencial que países mais ricos se comprometam com mais recursos para apoiar as ações das comunidades locais, tradicionais e quilombolas. "O que estamos pleiteando é que haja um aumento de valores e que eles cheguem tanto para a implementação de programas e políticas públicas governamentais quanto para o financiamento filantrópico e doações destinadas às organizações", destacou. 

O Brasil comemorou recentemente uma redução de  45,7% no desmatamento da Amazônia e 25% no Cerrado, após uma série de números recordes nos últimos anos. E este resultado tem relação direta com as ações realizadas nos territórios indígenas de combate às invasões, lembrou Guajajara. Logo, o papel destas comunidades também é crucial para que o país também alcance suas metas climáticas (NDCs) até 2035 entregues na COP29 e consiga reduzir a zero a perda de vegetação dos biomas brasileiros. 

No segundo ano do governo Lula e em conjunto com outros Ministérios, a ministra celebra a volta do protagonismo brasileiro. Entre as conquistas, estão a demarcação e homologação das terras indígenas, novas portarias para combater madereiros e garimpeiros e as operações permanentes no território Yanomami. "O mundo e os líderes globais estão atrasados diante da urgência que vivemos. Mas, no Brasil, estamos trabalhando muito", ressaltou.  

Indígenas no centro do debate 

Após seis anos de ausência do governo brasileiro nos espaços das Cúpulas do Clima, Guajajara diz que houveram avanços: na COP28 de Dubai, a delegação indígena foi a maior da história das COPs e levou cerca de 300 líderes para participar das discussões que definem o curso do planeta. A maior diversidade também significou a presença de mulheres e jovens de comunidades tradicionais, locais e quilombolas. 

Nesta COP29 em Baku, a delegação veio em menor peso e a decisão foi tomada para que o movimento indígena se preparasse mais para a COP30 no Brasil em 2025, contou ela. Em Belém do Pará, esperam superar significamente a de Dubai.

Segundo a ministra, a participação indígena e diversa tende a aumentar pela importância destas vozes e pelo protagonismo necessário que devem ter para ocupar os espaços, que se somam, ao conhecimento técnico. "O Acordo de Paris já reconheceu o conhecimento ancestral como científico e nós estamos trabalhando para aumentar a implementação das metas climáticas globais até 2030", frisou. 

Mesmo com todos esforços, os indígenas seguem insuficientemente representados nos processos de tomada de decisão e debates internacionais das Cúpulas do Clima da ONU. Pensando em mudar esta realidade, o Brasil, Austrália e ilhas do Pacífico lançaram uma aliança de povos originários na primeira semana em Baku. A união entre os três atores foi batizada de "Troika" e quer espelhar as próximas presidências das COPs visando aumentar ainda mais a participação.

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