ESG

COP27: o plano da Renner para fazer da moda um mercado sustentável

Em apresentação para executivos e representantes de governos, Eduardo Ferlauto, head de sustentabilidade da Lojas Renner S.A., compartilhou os resultados de descarbonização, diversidade e outros pilares ESG

Eduardo Ferlauto, head de sustentabilidade na Lojas Renner S.A., na COP27 (Leandro Fonseca/Exame)

Eduardo Ferlauto, head de sustentabilidade na Lojas Renner S.A., na COP27 (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 8 de novembro de 2022 às 12h41.

Última atualização em 9 de novembro de 2022 às 16h03.

De Sharm el-Sheikh

Depois de conquistar a maior pontuação entre todas as empresas varejistas no mundo no Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), a Lojas Renner S.A. dividiu, nesta terça-feira, 8, a estratégia de sucesso com executivos e representantes de governo de diferentes países na COP27, a Conferência das Partes para mudanças climáticas, no Egito.

"Inovação e sustentabilidade fazem parte do nosso jeito de agir. Somos a maior varejista do Brasil, com presença física que cobre 50% da população e sabemos a importância de compartilhar bons resultados em momentos como este que, pelo que vimos aqui na COP27, reforçam nosso protagonismo no setor", disse Eduardo Ferlauto, head de sustentabilidade da Lojas Renner S.A.

A EXAME está na COP27, da ONU. Acesse a página especial e saiba tudo o que acontece no mais importante evento de mudanças climáticas, sustentabilidade e sociedade

O executivo apresentou importantes resultados, como uso de energia renovável em 100% da operação corporativa e redução de 35,4% das emissões corporativas absolutas de CO2 na comparação com 2017.

Agora, o novo ciclo, ao longo dos próximos oito anos, prevê a transição para a descarbonização do negócio, partindo de métricas baseadas na ciência e capazes de criar as condições para a Lojas Renner S.A. chegar à neutralidade climática até 2050 — em linha com o Acordo de Paris, que estabeleceu o desafio global de limitar o aquecimento médio do planeta a 2 °C acima dos níveis pré-industriais.

Além disto, a companhia quer que as roupas desenvolvidas por suas marcas próprias emitam 75% menos CO2. A meta é aprovada pela Science Based Targets Initiative (SBTi), iniciativa do Pacto Global das Nações Unidas, do Carbon Disclosure Program (CDP), do World Resources Institute (WRI) e do World Wide Fund for Nature (WWF), que apresenta parâmetros matemáticos para se alcançar a emissão líquida zero dos gases de efeito estufa.

"Tem um plano de transição que transforma o negócio e toda a cadeia da moda no Brasil uma vez que trabalhamos fortemente para engajar fornecedores em nossos compromissos. Quando falamos dos desafios das mudanças climáticas não podemos deixar ninguém de fora", disse Ferlauto na COP27.

Agora, o objetivo é garantir que, até 2030, 100% das peças de vestuário das marcas próprias da varejista sejam mais sustentáveis. No período 2018-2021, a companhia anunciou a marca de 81,3% de roupas menos impactantes, identificadas pelo selo Re — Moda Responsável. O desempenho superou em 1,3 ponto percentual a meta fixada.

Um exemplo da evolução é a linha de jeans, que já alcançou a marca de 100% de produtos com algum atributo de sustentabilidade. A coleção mais recente, lançada em outubro, foi feita exclusivamente com o reaproveitamento de peças em desuso e de amostras de tecido. Em junho deste ano, a marca lançou ainda uma linha de calçados fabricados com matéria-prima que utiliza os resíduos de uvas empregadas na elaboração de vinho e suco na sua composição.

Foco nas pessoas

Para Ferlauto, o segredo da jornada de sustentabilidade é perceber que tudo é feito por e para as pessoas. "Pensando nisto, evoluímos na diversidade e inclusão e hoje temos resultados importantes como 61% dos cargos de liderança sendo ocupados por mulheres, assim como 25% do conselho; 17% da liderança sendo LGBTI+ e 32% negra". Para até 2030, a meta é ter no mínimo 50% do total de cargos de liderança ocupados por pessoas negras, o que corresponde a um crescimento de 18 pontos percentuais em relação à participação atual.

A diversidade é importante também para fora da empresa. "Um dos mais importante projetos trata da inclusão de mulheres na cadeia algodão agroecológico. Temos mais de 300 mulheres de comunidades tradicionais que cultivam o algodão e conquistam melhor renda, auxiliando também na melhoria do entorno", afirma Ferlauto. Desde 2008 foram R$ 82 milhões investidos neste projeto.

Na última semana, a marca Renner apresentou uma coleção cápsula feita 100% com algodão agroecológico, com peças feitas do resultado da colheita de algodão de regiões como Minas Gerais, Ceará e Paraíba, que receberam apoio e capacitação por meio do Instituto Lojas Renner para um desenvolvimento mais sustentável.

"Desde 2017, com o projeto Tecendo Autonomia, o Instituto Lojas Renner apoia pequenas agricultoras em comunidades de Minas Gerais e Ceará, por meio da aquisição de maquinários, capacitação e também promovendo sua integração à nossa rede de fornecedores. De lá para cá, já foram colhidas mais de 15 toneladas de algodão agroecológico e plantados mais de 900 hectares, a fim de continuar promovendo a expansão do projeto", diz Ferlauto.

Acompanhe tudo sobre:Exame na COP27ModaRennerSustentabilidade

Mais de ESG

Amazônia não deve ser vista como negócio, defende líder indígena

Mudança na Stellantis: Carlos Tavares renuncia ao cargo de CEO

Hapvida anuncia conclusão de integração de sistemas com a NotreDame Intermédica

Grendene, dona da Melissa, compra 100% da GGB por US$ 10,5 milhões