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COP16: banco de dados da diversidade genética pode ajudar a salvar espécies

Presidente da COP16 fez apelo pela regulação dos recursos genéticos na Colômbia e anunciou criação de nuvem de dados controlada pelo governo

Susana Muhamad, presidente da COP16, afirma ser necessário que se democratize o conhecimento sobre os recursos genéticos

Susana Muhamad, presidente da COP16, afirma ser necessário que se democratize o conhecimento sobre os recursos genéticos

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 05h30.

Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 17h31.

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De Cali, Colômbia*

A genética entrou no centro do debate da Conferência das Nações Unidas sobre a biodiversidade, a COP16. O tema, por vezes muito concentrado entre acadêmicos, é essencial para a garantia de conhecimento científico sobre as espécies animais e botânicas – e o entendimento de como as mudanças climáticas e ambientais podem gerar impactos nessas populações.

Em um dos principais paineis da programação da quarta, 23, Susana Muhamad, presidente da COP16 e ministra do meio ambiente da Colômbia, debateu as possibilidades e os problemas vividos atualmente nesta seara. Em suas falas, a ministra teceu algumas críticas sobre a atual regulação aplicada a propriedade intelectual dos materiais.

“Estamos falando de informação genética de animais e plantas, sequenciadas e armazenadas em bases de dados digitais. As empresas que utilizam esses recursos comercialmente nem sabem de onde provêm”, disse Susana, para quem é necessário que se democratize o conhecimento sobre os recursos genéticos.

A presidente da COP fez ainda um apelo pela melhoria da regulação desses recursos na Colômbia, salientando que apesar da existência dos tratados internacionais, há muito trabalho a ser feito dentro dos países para beneficiar as comunidades locais - grandes responsáveis pela preservação dos recursos naturais - pelo trabalho que fazem.

Para garantir o controle dos dados colombiano e que estas informações estejam sob a soberania de seu país, Susana anunciou que o Ministério da Ciência e Tecnologia atuará em conjunto com o governo do presidente Gustavo Petro para a criação de um banco de dados nacional em nuvem, garantindo que as informações genéticas estejam disponíveis aos pesquisadores do país.

Por que falar em diversidade genética?

De acordo com Sean Hoban, presidente da Coalização pela Conservação Genética, organização global que reúne pesquisadores e especialistas no tema e está presente na COP16, este é um passo positivo para a conservação dos dados e não somente pelo uso comercial. “Acredito que isso pode alavancar a preservação da diversidade biológica na Colômbia, o que é ótimo para as espécies animais e vegetais”, explica.

De acordo com pesquisa da Coalização que avaliou 900 espécies em 9 países, 58% das espécies têm populações pequenas demais para manter a diversidade genética, e apenas 19% estão em níveis seguros. Entre as consequências, estes cenários podem acarretar problemas como a endogamia, quando seres de mesmo parentesco são forçados a reproduzir, gerando baixa capacidade de sobrevivência e de adaptação.

A pesquisa também apontou que 72% dos animais e plantas contêm ao menos um dado catalogado. O Marco Global de Biodiversidade, firmado em 2022, estabelece que todas as espécies devem ter suas informações conservadas. O caminho para atingir esta meta parece ser longo, especialmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

“Se não atingirmos a ousada meta de 100% de espécies com dados genéticos catalogados até 2030, vamos todos sofrer ainda mais com as mudanças climáticas. E populações, espécies e economias serão impactados  por essa ausência”, afirmou Sean Hoban.

*A jornalista viajou a convite.

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