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Conheça os desafios para a construção da nova maior hidrelétrica do mundo

Saiba o que está em jogo com a aprovação do projeto da mega-hidrelétrica de Motuo, no Tibete

A experiência recente na aprovação de grandes projetos de infraestrutura tem mostrado que é imprescindível realizar estudos transparentes com a participação da sociedade e que resultem em mecanismos claros de compensação.

A experiência recente na aprovação de grandes projetos de infraestrutura tem mostrado que é imprescindível realizar estudos transparentes com a participação da sociedade e que resultem em mecanismos claros de compensação.

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 14h00.

O governo chinês deu sinal verde este ano para a construção da mega-hidrelétrica de Motuo, no Tibete, com potência instalada de 60.000 megawatts (MW), mais de quatro vezes a capacidade de Itaipu e quase três vezes a potência de Três Gargantas a atual maior hidrelétrica do mundo. O projeto aproveita um trecho de 50 km do rio Yarlung Tsangpo que concentra uma queda de 2 mil metros de altitude e forma o maior cânion do mundo.

O Yarlung Tsangpo drena glaciares da encosta norte do Himalaia e desce em direção ao Nordeste da Índia,  onde passa a se chamar rio Brahmaputra, seguindo para desaguar na baía de Bengala, em Bangladesh. Responsável por fornecer água, energia e alimentos para cerca de 130 milhões de pessoas, o rio está sob grande pressão pelo crescimento populacional e impactos das mudanças climáticas. O conflito relativo aos recursos hídricos compartilhados nessa bacia pode se intensificar com a construção da nova hidrelétrica.

O arranjo de engenharia prevê o desvio da água de seu leito natural até a usina por meio de quatro a seis túneis de 20 km de extensão. Outros detalhes do arranjo geral são desconhecidos, possivelmente por razões estratégicas. Mas é possível antecipar desafios técnicos importantes relativos à intensa atividade sísmica da região e ao significativo transporte de sedimentos devido à declividade do leito do rio a montante (águas acima) do barramento previsto. A previsão é que a usina produza 300 terawatts-hora (TWh) por ano, o que equivale a 70% da produção de todas as hidrelétricas do Brasil.

Como é normal em obras desse tipo, haverá grandes dificuldades relativas ao licenciamento ambiental, devido aos impactos socioambientais previstos, seja pela inundação causada pelo reservatório, seja pela existência do trecho de vazão reduzida em uma região de biodiversidade singular. Além disso, a inundação decorrente da formação desse reservatório pode resultar no deslocamento compulsório de populações e impactar áreas importantes do patrimônio cultural tibetano.

Por outro lado, uma cooperação entre os países afetados poderia ser um elemento catalisador em meio a um cenário instável e potencialmente explosivo. Segundo artigo publicado em 2023, além de produzir energia, o projeto prevê a regularização de vazões, o fornecimento de água para abastecimento humano e agricultura, além do controle de cheias, podendo trazer oportunidades para a segurança hídrica, alimentar e energética a jusante (águas abaixo) do projeto, na Índia e em Bangladesh.

A experiência recente na aprovação de grandes projetos de infraestrutura tem mostrado que é imprescindível realizar estudos transparentes com a participação da sociedade e que resultem em mecanismos claros de compensação. Esses estudos devem considerar as particularidades de um empreendimento transfronteiriço, tendo a bacia hidrográfica como unidade de análise. No entanto, sem o conhecimento compartilhado dos detalhes do projeto, qualquer iniciativa nesse sentido seria prematura.

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