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Clube ESG: Negócios regenerativos na prática por Boticário e GreenMining

Iniciativa conjunta comprovou viabilidade econômica da circularidade ao garantir abastecimento industrial enquanto transforma realidade socioeconômica de 6 mil catadores

Clube ESG Exame: A editora Lia Rizzo conduz conversa sobre economia circular entre Luis Meyer, do Grupo Boticário, e Rodrigo Oliveira, da GreenMining. (Eduardo Frazão/Exame)

Clube ESG Exame: A editora Lia Rizzo conduz conversa sobre economia circular entre Luis Meyer, do Grupo Boticário, e Rodrigo Oliveira, da GreenMining. (Eduardo Frazão/Exame)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de março de 2025 às 16h33.

Última atualização em 24 de março de 2025 às 16h38.

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Em mais um encontro do Clube ESG, EXAME reuniu algumas das principais lideranças comprometidas com a transformação socioambiental dos negócios. Nesta edição, o debate - cujo foco foi economia circular - ganhou contornos práticos com a presença de Luis Meyer, diretor de sustentabilidade do Grupo Boticário, e Rodrigo Oliveira, fundador e CEO da GreenMining, que compartilharam as experiências de cada negócio e parceria das duas empresas na gestão de resíduos e logística reversa.

O caminho da logística reversa

Com mais de quatro mil fornecedores e presença nacional expressiva, o Grupo Boticário estabeleceu sete eixos temáticos em sua estratégia ESG: água, resíduos, biodiversidade, clima, diversidade e inclusão, impacto social e cadeia de valor.

"Nestas frentes, a gente vem avançando muito bem. A gente fechou o ano de 2023 com bons resultados, mas obviamente é uma jornada com desafios e muito trabalho pela frente", explicou Luis Meyer. Um dos destaques da atuação do Grupo em economia circular é o programa de logística reversa, o "Boti Recicla", considerado o maior do setor de cosméticos no país.

Presente em aproximadamente quatro mil lojas, o programa permite que consumidores devolvam embalagens de cosméticos de qualquer marca. "Desde 2008, o conceito de poder trazer o consumidor para uma dinâmica diferente é algo enraizado no negócio", afirmou Meyer.

O programa também conta com um componente de engajamento financeiro: a cada três embalagens devolvidas, o consumidor recebe R$15 de desconto em compras acima de R$150. Esta estratégia demonstra como incentivos econômicos podem ser aliados na transformação de hábitos de consumo e no fortalecimento da economia circular.

Reciclando também a dignidade

Como garantir o abastecimento de materiais reciclados para a produção de novas embalagens, enquanto se gera impacto social positivo? A parceria com a GreenMining surgiu para o Grupo Boticário como a resposta a esta questão. Foi então que entrou a expertise da startup fundada por Rodrigo Oliveira, que trouxe uma visão disruptiva para o mercado.

Foi a partir da identificação de falhas estruturais na cadeia de valor da reciclagem brasileira, que a Greenmining desenvolveu o conceito de "estação preço de fábrica", onde catadores e pequenos coletores recebem o valor real dos materiais recicláveis, sem os intermediários que tradicionalmente capturam grande parte desse montante.

A disparidade econômica entre o que valia e o que efetivamente chegava aos catadores representava um obstáculo tanto para a eficiência do sistema quanto para a dignidade desses trabalhadores. "Até então, um catador vendia vidro a 6 centavos o quilo. Começamos uma estação pagando de 28 a 60 centavos. É colocar um zero a mais sobre a vida dessas pessoas", contou Oliveira.

O impacto social foi notável. "Hoje já temos mais de 6 mil pessoas que recebem através das estações", contou o executivo. Em muitos casos, catadores que antes viviam em situação precária viram seus rendimentos aumentarem até cinco vezes.

Impacto e escalabilidade

Para o Grupo Boticário, a parceria solucionou dois desafios simultâneos: garantir o fluxo constante de materiais reciclados para suas embalagens e gerar impacto em escala. A Greenmining apresentou um modelo que harmoniza necessidades ambientais, sociais e econômicas - elementos essenciais para a consolidação de uma economia circular efetiva.

Hoje, já são sete estações em diferentes regiões do país, incluindo São Paulo, Bahia, Tocantins e Minas Gerais. Cada estação funciona como um polo de coleta de materiais específicos, como vidro e papel cartão, essenciais para a produção de novas embalagens.

O modelo de negócio demonstra que a sustentabilidade pode se alinhar às estratégias financeiras das empresas. "Quando a gente coloca intencionalidade no negócio e entende que os consumidores estão mais interessados por circularidade, conseguimos unir vários elos da cadeia que normalmente não são triviais", explicou Meyer.

Uma inovação importante é o rastreamento completo dos materiais, garantindo que cada pessoa envolvida na cadeia tenha seus direitos respeitados. Este compromisso com a transparência já tem atraído novos parceiros, como Coca-Cola, Heineken, Ambev e Tetra Pak, que já participam do ecossistema criado pelas estações.

Para o futuro, tanto o Grupo Boticário quanto a Greenmining buscam expandir o modelo e, durante o encontro do Clube ESG, convidaram outras empresas a se juntarem à iniciativa. "Queremos crescer e, se possível, não crescer sozinhos. Tem muita empresa legal querendo discutir economia circular e tendo problemas muito similares aos que o Grupo Boticário tem", afirmou Meyer.

Clube ESG Exame sobre economia circular reuniu representantes de empresas como Diageo, Lojas Renner, Decatlhon, Iveco e outras. (Eduardo Frazão/Exame)

Reunir para transformar

O Clube ESG da Exame é uma iniciativa que reúne periodicamente lideranças que conduzem grandes marcas por caminhos socialmente responsáveis e negócios de impacto. Neste encontro, a economia circular, tema central do debate, demonstrou ser não apenas uma tendência teórica, mas uma realidade prática com impactos mensuráveis nos negócios, no meio ambiente e na sociedade.

Para as empresas presentes, ficou clara a mensagem de que a transformação sustentável é possível - e muito necessária - mas requer parcerias estratégicas, inovação constante e, sobretudo, uma visão integrada da cadeia de valor.

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