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O presidente argentino Javier Milei: depois de retirar delegação da COP e destituir ministra, Acordo de Paris também será revisto. (AFP)
Editora ESG
Publicado em 15 de novembro de 2024 às 08h22.
Última atualização em 17 de novembro de 2024 às 04h46.
*De Baku
Na quinta-feira, 14, o porta-voz do presidente argentino Javier Milei justificou a retirada da delegação da COP29, explicando em um pronunciamento para a imprensa que a decisão veio para que o novo ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, possa reavaliar a posição do país.
E não apenas na COP. Embora a subsecretária de meio ambiente da Argentina, Ana Lamas, tenha garantido que a saída abrupta da cúpula do clima não significava qualquer mudança sobre o Acordo de Paris, na coletiva de pronunciamento, foi evidenciado que também a adesão ao acordo climático será revista.
Desde que assumiu a presidência, Milei tem promovido uma ampla reforma administrativa e mudança ideológica em sua política ambiental. Começou por reduzir o status do Ministério do Meio Ambiente para uma secretaria de menor escalão logo após tomar posse no ano passado.
A chegada do empresário Gerardo Werthein como ministro, ex-embaixador em Washigton, se deu após Diana Mondino, então ministra, ser destituída do cargo por apoiar a Cuba em votação na ONU contra sanções americanas.
Sucessor alinhado ao chefe, Milei alinhado a Trump
Werthein é alinhado ao chefe. Foi ele quem acompanhou o chefe de estado argentino em jantar de gala em Mar-a-Lago com Trump e Elon Musk. A retirada da delegação do país da conferência climática em Baku ocorreu um dia após uma conversa entre o presidente argentino e o novo presidente americano, em uma medida que reflete o ceticismo em relação às mudanças climáticas, que Javier Milei classifica como "uma mentira socialista".
Até hoje, os Estados Unidos são o único país a abandonar oficialmente o Acordo de Paris, que conta com quase 200 signatários comprometidos com a limitação do aquecimento global. Outros governantes, como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, chegaram a ameaçar seguir o mesmo caminho. Contudo, não concretizaram a saída.
Ainda que os participantes da conferência da ONU tenham enfatizado que o cenário atual é diferente do primeiro governo Trump, com países e indústrias já em transição para energia limpa, motivados pelos crescentes impactos das mudanças climáticas, cresce a apreensão sobre as consequências políticas de mais uma baixa.