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Airbus e Latam se unem pelo combustível de aviação sustentável, mercado que o Brasil pode liderar

Meta é usar 10% de SAF este ano, mas o custo do combustível, duas a cinco vezes mais caro, pode inviabilizar a operação

Fábrica da Airbus, em Toulouse: empresas aéreas esperam incentivos para impulsionar a produção do SAF  (Marina Filippe/Exame)

Fábrica da Airbus, em Toulouse: empresas aéreas esperam incentivos para impulsionar a produção do SAF (Marina Filippe/Exame)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 30 de junho de 2023 às 10h00.

Última atualização em 3 de julho de 2023 às 13h30.

De Toulouse, na França*

O setor de aviação corre para acompanhar as metas de sustentabilidade definidas no Acordo do Paris. O desafio não é pequeno. Para atingir a neutralidade das emissões de gases causadores de efeito estufa até 2050, será preciso mais do que dobrar os esforços de eliminação do uso de combustíveis fósseis, o que afeta diretamente as viagens aéreas. A esperança de fabricantes de aviões e empresas aéreas, até o momento, está depositada no chamado SAF (o Sustainable Aviation Fuel (SAF), ou Combustível de Aviação Sustentável), que pode reduzir as emissões em até 80% quando comparado com o combustível tradicional.

"Operamos 460.000 voos com SAF até janeiro de 2030. A prática, para além do combustível, pode trazer outros benefícios de sustentabilidade, como conservação no uso da terra, respeito ao trabalho e direitos humanos", diz Steve Le Moing, chefe de assuntos ambientais da fabricante de aviões Airbus, que, atualmente,  tem cerca de 30% dos voos operados com o uma mistura entre SAF e o combustível tradicional.

O desafio, contudo, é o crescimento da produção de SAF. Por isto, a companhia se une à empresa aérea Latam, que nos próximos dias fará um voo "ferry flight" com o combustível mais sustentável. Isto é, um voo sem passageiros para levar o avião até uma base. "Este é um primeiro passo para trabalharmos com 5% de SAF até 2030", diz Juan Jose Toha, diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade da Latam.

Desenvolvimento de Combustível de Aviação Sustentável

Apesar da Airbus esperar usar cerca de 10% de SAF neste ano, o desafio é a produção do combustível, visto que ainda é preciso avançar no seu desenvolvimento, o que depende, na visão das aéreas, de políticas públicas e incentivo para a compra.

Numa indústria cujo combustível representa até 50% do custo de operação, o fato de o SAF ser de duas a cinco vezes mais caro que o tradicional é um empecilho considerável. "Estamos trabalhando com iniciativas público-privadas de incentivo de desenvolvimento do SAF, como é o caso da Vuelo Limpio, que estuda alternativas sustentáveis e considera alternativas, como o hidrogênio verde", afirma Steven.

Em dezembro, a Airbus também firmou uma parceria com a Neste, de modo que todas as aeronaves da empresa estão certificadas para voar com até 50% de combustível sustentável. "A parceria com a Neste será fundamental para atingir a certificação para até 100% antes do final da década e para a aceleração da transição energética na Europa".

Na América Latina, o Brasil tem capacidade de liderar a produção de SAF, de acordo com Juan Jose, da Latam. "O país pode produzir um terço de todo o SAF do mundo". Para isto, é preciso a aplicação de incentivos para as empresas de energia, assim como clareza nas políticas e aplicações de taxas. "O Brasil tem uma liderança importante no debate, mas agora é preciso investimentos".

Enquanto a produção não cresce, a companhia aérea trabalha com a Airbus e o Massachusetts Institute of Technology no desenvolvimento de um estudo que pode guiar empresas e governos. "O estudo terá um valor importante para chegar os distintos modelos e os impactos, positivos e negativos, para as políticas públicas. Isto é, o que acontece com os empregos, os retornos para os governos e para a população".

Descarbonização na Latam

A Latam tem como meta reduzir e compensar as emissões de CO2 de modo a ser 50% menor até 2030. Enquanto o SAF não se torna a maior parte da solução, a companhia trabalha com projetos de compensação como o na Orinoquia colombiana, que prevê capturar 11,3 milhões de toneladas de CO2 até 2030 em uma área de 575 mil hectares. 

Outro modo é a eficiência das aeronaves, como a compra do Airbus 320Neo, que emite menos CO2 e 50% nas emissões de óxido de nitrogênio. "Uma frota mais leve e mais eficiente utiliza menos combustível e causa menos danos ao meio ambiente. Não temos a bala de prata, mas estamos tomando várias ações, como esta, para chegar a nossa meta", diz Juan Jose.

Ainda de acordo com o  executivo, a América do Sul tem oportunidades incríveis para superar os desafios das crises climáticas, e é isto que a companhia olha durante os desenvolvimentos de projetos locais. "Quando falamos de compensação, por exemplo, não queremos apenas comprar créditos. Queremos fazer parte da solução com o desenvolvimento e a participação ativa nos projetos".  O programa de eficiência da Latam, que considera diferentes práticas, causou a redução de 3,4 milhões de toneladas de CO2 desde 2010. Isto equivale a operação doméstica do Brasil em um ano.

*EXAME viajou a convite da Latam e da Airbus

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