ESG

A ciência prova que a Amazônia está ameaçada, e a ciência vai salvar a floresta, diz Fundo JBS

Fundo JBS pela Amazônia anuncia a segunda rodada de projetos que receberão apoio financeiro. Foco está em iniciativas que usam a ciência e a tecnologia para melhorar a vida das comunidades

Samaúma a grande arvore da Amazônia - Amazonia - Parque Nacional do Jaú - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza - 

foto: Leandro Fonseca
data: 04/2022 (Leandro Fonseca/Exame)

Samaúma a grande arvore da Amazônia - Amazonia - Parque Nacional do Jaú - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza - foto: Leandro Fonseca data: 04/2022 (Leandro Fonseca/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 1 de setembro de 2022 às 15h52.

Última atualização em 1 de setembro de 2022 às 18h25.

O Fundo JBS pela Amazônia anunciou uma segunda rodada de investimentos. Foram selecionadas sete iniciativas, todas relacionadas às áreas de ciência e tecnologia. Ao todo, o fundo, criado em 2020 e que tem a meta de chegar a 1 bilhão de reais até 2030, está apoiando 12 projetos com 60 milhões de reais comprometidos até o momento.

Nessa segunda rodada, a preocupação da companhia foi selecionar iniciativas que incentivem o desenvolvimento científico e tecnológico do bioma amazônico para melhorar a qualidade de vida das comunidades tradicionais e indígenas. “São 25 milhões de pessoas que precisam viver confortavelmente”, afirma Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia. “O ecossistema de negócios na região, no entanto, está incompleto e é preciso desenvolver estruturas que acelerem o desenvolvimento.”

A ideia do fundo é ajudar a criar modelos de negócios de longo prazo, que, mesmo que não ofereçam resultados imediatos, atuem como promotor de empreendimentos locais. “Estamos trabalhando com organizações que já atuam na Amazônia. É importante respeitar a cultura local. O que fazemos é levar a experiência da iniciativa privada para que atuem de maneira mais estruturada”, diz Karoleski.

Economia da biodiversidade

Segundo Andrea Azevedo, diretora de Programas e Projetos do fundo, os novos projetos apoiados fomentam a pesquisa e o desenvolvimento de ingredientes e produtos a partir da biodiversidade do bioma amazônico. Um deles, por exemplo, financiará pesquisas para a descoberta de ingredientes que possam ser utilizados pela indústria alimentícia no segmento de proteínas vegetais (plant based). Outro busca desenvolver um material biocomposto a partir de fibras naturais encontradas na floresta para substituir o polipropileno, um dos polímeros plásticos mais utilizados no mundo.

O fundo busca aproveitar a expertise de negócios da JBS para acelerar o impacto das iniciativas apoiadas. Em uma das frentes, a ideia é atuar na implementação de um modelo de integração de produtores semelhante ao utilizado pela Seara, marca que pertence ao grupo JBS e possui por volta de 10 mil produtores cadastrados. O objetivo é estabelecer a mesma governança dessa cadeia para um ecossistema de produtores amazônicos e, dessa forma, abrir mercados para seus produtos. Engenheiros da companhia também auxiliam a implementar e melhorar processos industriais na floresta, como no caso do açaí.

Conheça os projetos apoiados na segunda rodada de investimentos do Fundo JBS pela Amazônia

Corredor sustentável de cacau - A iniciativa do Corredor de Cacau é criar um modelo de  Arranjo Produtivo Local (cluster) na região do sudoeste do Pará. Atualmente, há cinco projetos, geridos por diferentes orgnizações, que operam no local. O objetivo da iniciativa é criar um plano de negócios para um piloto do Corredor de Cacau integrando as cinco iniciativas.

Este seria o primeiro passo para criar o primeiro Corredor de Cacau do mundo, combinando a preservação florestal e restauração. Em 10 anos, o projeto pretende chegar a 45 mil hectares de áreas restauradas por sistemas agroflorestais; promover aumento de renda direta, na ordem de 30%, aos produtores via melhoria de produtividade; e gerar R$ 686 milhões em valor agregado, incluindo a criação de 60 mil postos de trabalho e a formalização da cadeia. Por fim, aumentar a produção de cacau nacional em até 90 mil toneladas.

O parceiro da Fundo nesse projeto é a consultoria Systemiq.

Ingredientes da Amazônia – O projeto vai financiar pesquisas para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e/ou ingredientes à partir da biodiversidade da Amazônia, que possam ser utilizados no setor de alimentos vegetais (plant-based).

Ao todo, serão financiadas seis pesquisas pelo FJBSA, que terão como objetivo avaliar o potencial de utilização de espécies nativas do Bioma Amazônia, como Cupuaçu, Guaraná, Castanha-do-Pará, Babaçu, Cogumelos, dentre outras, para o desenvolvimento de novos ingredientes e produtos. Serão priorizados estudos que tragam processos tecnológicos inovadores, envolvam comunidades locais e utilizem resíduos das cadeias de produção já existentes com o objetivo de agregar valor a essas cadeias, de acordo com as premissas da economia circular.

O parceiro da Fundo nesse projeto é a The Good Food Institute (GFI), uma instituição sem fins lucrativos que trabalha para acelerar transformações na cadeia de produção de alimentos para torná-la mais sustentável, segura e justa.

Mãos Indígenas, Floresta em Pé – Visa dinamizar a bioeconomia em terras indígenas, através da potencialização de cadeias de valor da sociobiodiversidade e do estímulo ao protagonismo de mulheres e jovens no fortalecimento da governança territorial indígena. O projeto busca promover a conservação florestal de 4,5 milhões de hectares localizados em 16 Terras Indígenas no centro-sul de Rondônia e noroeste do Mato Grosso. Cerca de 650 famílias devem ser beneficiadas pelo projeto, com incremento anual de 5% em suas rendas familiares, por meio da bioeconomia. Também é esperado o aumento em cerca de 20% da produção das três cadeias (castanha, artesanato e sementes florestais).

As parceiras da Fundo neste projeto são a Forest Trends, organização sem fins lucrativos com mais de 18 anos de atuação com os povos indígenas, e a Ecoporé, organização brasileira que atua para compatibilizar os interesses socioeconômicos com a conservação da biodiversidade amazônica.

Bioplástico da Amazônia - Este projeto endereça a necessidade de se desenvolver um material sustentável (biocomposto) para substituição parcial e total do polipropileno (PP), a partir do aproveitamento de fibras amazônicas, como o pó de madeira e casca e ouriço da castanha-do-Pará. O objetivo é estimular a economia da floresta e garantir a sua preservação, ao mesmo tempo em que gera renda para comunidades da região e contribui para promover a inovação no Polo Industrial de Manaus.

Os parceiros da Fundo neste projeto são a WTT, que apoia cientistas e inovadores a desenvolver soluções de base científico-tecnológica para desafios do desenvolvimento sustentável, e o Idesam, uma organização não governamental com mais de 15 anos de atuação na Amazônia promovendo uma nova economia de base inclusiva e sustentável.

Proteínas da Amazônia – Projeto de pesquisa aplicada, busca o desenvolvimento de alternativas para a extração de proteína (extratos proteicos) da semente de cupuaçu e da castanha-do-Pará para aplicações na indústria alimentícia. O Fundo apoiará a primeira fase da iniciativa, que consiste na avaliação preliminar de viabilidade técnico-econômica dos processos, com prova de conceito e estudo de viabilidade técnico-econômica. O piloto será desenvolvido na Cooperativa RECA (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado) em Nova Califórnia (RO). Os parceiros da Fundo são o Senai e a Embrapii.

Projeto Pirarucu Sustentável – Apoio ao Projeto “Pesca Justa e Sustentável” por meio de capacitação de 30 técnicos multiplicadores e da aquisição de equipamentos para os cursos, voltados à boas práticas de processamento e à diversificação da linha de produtos da ASPROC. Além disso, desenvolverá um diagnóstico do uso da água e geração de resíduos na indústria do pescado, identificando os pontos críticos e direcionando ações para redução da demanda hídrica. Esse projeto será implementado por mais de uma filial da Embrapa: Pesca e Aquicultura, Pecuária Sudeste e Amazônia Oriental.

Geoflora – Automação Florestal e Espacialização de Carbono - Pesquisa visa conhecer a dinâmica do carbono em diferentes usos da terra por meio de tecnologia de ponta para o monitoramento de emissão de gases de efeito estufa e do desmatamento, bem como a valoração de ativos ambientais e crédito de carbono, entre outros usos, servindo de maneira estruturante para a cadeia da restauração. O projeto será realizado em parceria com a Embrapa.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaJBS

Mais de ESG

Amazônia não deve ser vista como negócio, defende líder indígena

Mudança na Stellantis: Carlos Tavares renuncia ao cargo de CEO

Hapvida anuncia conclusão de integração de sistemas com a NotreDame Intermédica

Grendene, dona da Melissa, compra 100% da GGB por US$ 10,5 milhões