A adaptação dos produtores agrícolas às mudanças climáticas depende, porém, de investimentos robustos
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Publicado em 16 de fevereiro de 2025 às 07h00.
A crescente instabilidade climática e seus impactos diretos na produção agrícola colocam em pauta a capacidade dos produtores de se adaptarem a esse novo cenário – e o Brasil já sente os efeitos das mudanças do clima no abastecimento e nos preços dos alimentos.
Durante sua participação na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), no Azerbaijão, o diretor-presidente do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, destacou a importância de transformar o setor para enfrentar esse desafio. Ele enfatizou que a transição para uma agricultura ambientalmente responsável exige não apenas novas práticas produtivas, mas também um compromisso do setor com a sustentabilidade global.
Na mesma ocasião, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que políticas de financiamento, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), têm incentivado práticas sustentáveis. Nos últimos meses de 2024, houve um crescimento significativo no financiamento para a agricultura orgânica e agroecológica, ao mesmo tempo em que se registrou uma redução na produção de soja na agricultura familiar.
Apesar dos avanços, a alta nos preços dos alimentos continua sendo uma preocupação. A instabilidade climática reduz a oferta de produtos essenciais, elevando os custos para os consumidores. Nesse contexto, o desafio é garantir que a transição para uma produção mais sustentável ocorra sem comprometer a segurança alimentar e sem agravar ainda mais a inflação dos alimentos.
A adaptação dos produtores agrícolas às mudanças climáticas depende, porém, de investimentos robustos. Já o presidente global de operações da Ambipar e ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, defendeu a criação de um marco regulatório que incentive financeiramente essa transformação. Para ele, os incentivos devem ir além dos subsídios estatais, incorporando mecanismos que estimulem os próprios produtores a investirem na transição para uma economia verde.
Novos métodos de produção e soluções baseadas na natureza podem mitigar os impactos das mudanças climáticas e aumentar a produtividade. No entanto, para que essas tecnologias sejam acessíveis a todos os produtores, é essencial que haja um alinhamento entre políticas públicas, investimentos privados e iniciativas globais, como as promovidas pelo IICA.
A COP30, que será realizada neste ano em Belém, representará uma nova oportunidade para acelerar a transição do setor agrícola. O governador do Pará, Helder Barbalho, destacou que a redução das emissões associadas ao uso da terra será um dos focos estratégicos do estado. A aproximação entre o setor agrícola e a pauta ambiental pode abrir novas oportunidades para financiamentos e parcerias que tornem a produção mais eficiente e sustentável.