Golpes por meio de furto de dados cresceram 38% em 2022, de acordo com pesquisa sobre cibersegurança. (Oliver Nicolaas Ponder / EyeEm/Getty Images)
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Publicado em 24 de março de 2023 às 19h34.
Praticamente todas as ações e interações realizadas digitalmente no dia a dia geram dados. Uma vez que os smartphones e as redes sociais estão incorporadas ao trabalho, ao estudo e ao lazer, o “rastro digital” deixado é incontestável. As empresas entenderam isso e fazem desses dados um verdadeiro tesouro: ativos valiosos para as decisões que tomam.
À medida que a presença de ferramentas e recursos digitais ao nosso redor aumenta, maior é o volume de dados gerado. Isso significa que o cuidado na geração, no armazenamento e uso desses dados precisa ser mais eficiente e zeloso. E muitas empresas já incorporaram boas práticas para proteger a privacidade dos dados à cultura organizacional, propondo um novo mindset aos colaboradores.
A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), criada em 2018, veio para regular o uso de dados e criar a cultura de protegê-los. Uma cultura, claro, não se cria da noite para o dia. Com mais debates e questões levantadas sobre o tema, as corporações tendem a se conscientizar da importância de proteger a privacidade dos próprios dados. A implementação de programas de governança torna-se fundamental para qualquer empresa que queira se adequar à legislação brasileira – sem contar as condições diferenciadas que passa a ter no mercado.
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Reflexos dessa falta de cuidado já chegam à segurança pública: pesquisa da especialista em cibersegurança Check Point mostra um crescimento de 38% nos golpes por meios de dados em 2022. Dentre os mais conhecidos está a prática de phishing, caracterizada por tentativas via sites falsos, e-mail, SMS ou outros tipos de mensagem, de obter informações sigilosas como senhas e números de cartão de crédito, por exemplo. Orientação, educação e monitoramento constantes são necessários para que a população esteja atenta e não descuide de seus dados pessoais.
Entre os públicos mais sensíveis na questão de proteger e usar dados estão crianças, adolescentes e idosos. Crianças ou adolescentes, especificamente, demandam mais a atenção das famílias para orientar e definir regras quanto ao uso de redes sociais, plataformas digitais e dispositivos eletrônicos. O uso inapropriado de dados os expõe a riscos alarmantes, como aliciamento infantil, publicidade inapropriada, crimes sexuais, entre outros. A LGPD é clara ao exigir consentimento livre de pais ou responsáveis para que se colete dados de menores de idade.
Para pessoas acima dos 60 anos, embora pareça contraditório à primeira vista, os cuidados devem ser maiores, porque a mudança de cultura se dá de forma mais morosa, além de se tratar de um público mais sujeito à ação de fraudadores. Em 2022, um levantamento do CGI (Comitê Gestor da Internet) mostrou que, uma década antes, 4% dos idosos no País acessavam a internet; hoje, essa parcela saltou para 20%. Embora mais conectada, a geração não se tornou necessariamente mais consciente da importância de se proteger dados digitais.
Mas o alcance da LGPD não é apenas sobre o dado pessoal. Empresas têm responsabilidade sobre dados de clientes, e um dos setores em que esse comprometimento é ainda maior é o de saúde. Dados de pacientes estão entre as informações mais sensíveis que uma companhia possa ter em seus registros.
A Qualicorp trabalha para que essa cultura de proteção de dados se consolide no País. Em 2017, foi buscar na legislação europeia – base para a LGPD – as referências para estruturar o plano de ação da companhia como um todo. Uma das medidas adotadas foi a contratação de um DPO (Data Protection Officer), profissional que se encarrega de proteger dados de todos os clientes.
Além dos investimentos em criptografia, autenticação em dois fatores, solicitação explícita de consentimento e outros, a Quali também busca construir e sustentar a cultura de proteção de dados com treinamentos frequentes e obrigatórios sobre a LGPD para os colaboradores, que estão disponíveis na Universidade Quali, sua plataforma interna de aprendizagem. Outro diferencial é o programa de embaixadores de privacidade, com treinamentos periódicos, para formar, em todas as áreas, guardiões da cultura de proteção de dados.
A sociedade vive hoje um tempo de adaptação em relação à privacidade e proteção de dados pessoais. É uma demanda global latente que a cada dia será mais vital para a condução de todos os assuntos da vida dos indivíduos. No ambiente de trabalho, não pode ser diferente: o cuidado com o tratamento dos dados deve ser um princípio incorporado na cultura organizacional.
*Superintendente de Auditoria, Riscos, Antifraude e Segurança da Informação da Qualicorp