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Entenda o veto do governo à isenção do imposto seletivo para exportações de minério

Congresso deve analisar tema nos próximos meses; eventual derrubada de decisão presidencial pode afetar setor de petróleo

Brasil produz três milhões de barris de petróleo diariamente, mas depende da importação de 600 mil barris de derivados, como gasolina e diesel (Angus Mordant/Getty Images)

Brasil produz três milhões de barris de petróleo diariamente, mas depende da importação de 600 mil barris de derivados, como gasolina e diesel (Angus Mordant/Getty Images)

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Publicado em 31 de março de 2025 às 19h22.

Um dos temas centrais deste terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva à frente do Planalto, a reforma tributária deve ter em 2025 um capítulo decisivo para a sua regulamentação.

No início do ano, o presidente vetou dispositivo da regulamentação que isenta do imposto seletivo minérios destinados à exportação. A decisão será analisada em breve pelo Legislativo, que poderá optar por derrubar o veto presidencial ou mantê-lo. Pensado como forma de onerar o consumo de produtos prejudiciais ao meio ambiente ou à saúde, tais como refrigerantes, cigarros e automóveis, esse tributo vai incidir como alíquota adicional sobre o produto, encarecendo a compra pelos consumidores. 

Promulgada pelo Congresso Nacional no fim de 2023, a emenda constitucional da reforma tributária prevê a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) em substituição ao regime tributário atual. A transição deverá ser realizada por fases, a partir do próximo ano, quando o novo sistema deverá passar a existir juntamente com os tributos atuais.

Caso o Congresso Nacional vote pela derrubada do veto de Lula a este trecho da lei sancionada, a Refina Brasil, que reúne produtoras de petróleo independentes, responsáveis por 20% da produção nacional, projeta uma possível distorção do mercado, a partir de condições para que haja menos oferta para o petróleo ser refinado no mercado brasileiro.

“Gera uma distorção no mercado. Imagina que você é um produtor de petróleo e extrai. Se vender para o mercado interno você tem que pagar 0,25% a cada barril que você vender, se você exportar, você pagar zero. Você vai preferir exportar”, afirmou o presidente da Refina, Evaristo Pinheiro. 

O Brasil produz três milhões de barris de petróleo diariamente, mas depende da importação de 600 mil barris de derivados, como gasolina e diesel, para suprir as necessidades diárias. Na visão de Pinheiro, a tendência é que a demanda por gasolina e diesel aumente nos próximos anos, atingindo um pico entre 2035 e 2040. Por isso, é importante que o poder público pense em políticas públicas que estimulem novos negócios no setor.

“A combinação de déficit de produção com déficit de armazenagem deixa o Brasil muito sujeito a aumentos de preços quando o cenário internacional fica adverso, seja por uma guerra ou estrangulamento logístico”, aponta Evaristo. 

“Esse projeto de lei fixou a alíquota de 0,25%, sobre a extração de minerais independentemente da sua destinação, caso seja vendido no mercado interno ou caso seja exportado. Ele incide quando você tira da terra. Porque pressupõe-se que o dano ambiental ocorre quando se extrai. Não importa se você vai vender no mercado interno ou se vai exportar”, contextualizou.

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