Esfera Brasil

Um conteúdo Esfera Brasil

Argentina sai da recessão, mas aumento da pobreza segue como desafio para Milei

Em novembro, o país registrou uma taxa de inflação mensal de 2,4%, e chegou ao menor índice desde julho de 2020

Em guinada liberal conduzida por Milei, variação de preços acumulada em 12 meses caiu pelo sétimo mês consecutivo na Argentina (JUAN MABROMATA/AFP)

Em guinada liberal conduzida por Milei, variação de preços acumulada em 12 meses caiu pelo sétimo mês consecutivo na Argentina (JUAN MABROMATA/AFP)

Esfera Brasil
Esfera Brasil

Plataforma de conteúdo

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 18h53.

Um ano após o ultraliberal Javier Milei assumir a presidência da Argentina, o país vizinho tem priorizado medidas para reverter a deterioração do quadro fiscal, em uma situação que se arrasta por décadas.

Nesse propósito, o país registrou uma taxa de inflação mensal de 2,4%, e chegou ao menor índice desde julho de 2020. Somado a isso, a variação de preços acumulada em 12 meses caiu pelo sétimo mês consecutivo e chegou a 166%.

Ainda que o movimento iniciado por Milei tenha produzido resultados na economia, refletindo em crescimento de 3,9% no terceiro trimestre de 2024 e indicando a saída de uma recessão iniciada há aproximadamente um ano, o líder argentino tem se deparado com um cenário de deterioração dos indicadores sociais. No fim de setembro, a taxa de pobreza chegou a 52,9%, o que significa que 34 milhões de cidadãos tiveram dificuldade para adquirir itens básicos, como carne e leite.

A construção civil e a indústria continuam a enfrentar desafios, ainda suportando efeitos que persistem após a pandemia. O alto risco-país e tensões com os setores industriais locais também são desafios para o próximo ano. Lembrando que a economia argentina foi marcada, nas últimas décadas, por subsídios concedidos a diversos setores.

“O sentimento público destaca a necessidade de enfrentar a crescente desigualdade e os desafios de acesso a empregos dignos – questões que refletem uma economia que ainda enfrenta uma contração. Os baixos salários, aliados ao aumento da pobreza, pintam um quadro que exige uma abordagem abrangente e soluções direcionadas”, diz relatório da divulgado pela consultoria Prospectiva.

“A ambiciosa agenda de reformas, influenciada por circunstâncias próprias de governabilidade e tensões sociais, estabelece o palco para um segundo ano que testará a capacidade de sua administração de manter o ímpeto e  alcançar mudanças duradouras”, prossegue o documento, que destaca a aprovação da Lei de Bases, que propõe a desregulamentação da economia e redução do Estado, como uma das vitórias do mandatário na relação com o Legislativo neste primeiro ano.

Política externa

No cenário internacional, Milei tem se dedicado a um discurso de enfrentamento ao multilateralismo, refutando o papel da Argentina em fóruns como o Brics e também a Conferência do Clima. Por outro lado, o presidente argentino tem demonstrado pragmatismo ao manter laços estratégicos junto a parceiros como Brasil e China.

“Milei desempenhou um papel fundamental na finalização do acordo Mercosul-União Europeia. Ao assumir a presidência temporária do bloco, ele defendeu maior flexibilidade e redução de barreiras tarifárias para ter acesso a novos mercados e promover o comércio internacional”, completa o relatório divulgado pela Prospectiva.

Acompanhe tudo sobre:Javier MileiArgentinaAcordo UE-MercosulMercosul

Mais de Esfera Brasil

Por que Trump proibiu o Banco Central dos EUA de criar uma moeda digital?

Os recados de Milei ao sistema financeiro mundial em Davos

Lei transfere recursos de fundos regionais para obras do PAC na Amazônia e no Nordeste

Após recorde de R$ 10,3 bilhões arrecadados em petróleo e gás, Brasil espera novas altas até 2030