Economia

Valorização do iene ameaça plano de crescimento do Japão

A volatilidade dos mercados leva importantes investidores globais a buscar a segurança no iene, que se valorizou para a casa dos 115 ienes na terça-feira


	Economia japonesa: a volatilidade dos mercados leva importantes investidores globais a buscar a segurança no iene, que se valorizou para a casa dos 115 ienes na terça-feira
 (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Economia japonesa: a volatilidade dos mercados leva importantes investidores globais a buscar a segurança no iene, que se valorizou para a casa dos 115 ienes na terça-feira (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 10h44.

Tóquio - O iene se fortaleceu a seu nível mais forte ante o dólar desde 2014, diante da corrida global por segurança em pregões recentes. Isso ameaça, porém, o delicado equilíbrio que o primeiro-ministro Shinzo Abe e o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) desejam construir no mercado.

A volatilidade dos mercados financeiros leva importantes investidores globais a buscar a segurança no iene, que se valorizou para a casa dos 115 ienes ante o dólar na terça-feira, mesmo com a decisão do BoJ de introduzir no mês passado taxa de juros negativa.

A apreciação do iene pode ameaçar os planos do Japão de uma retomada do crescimento com sua nova política monetária, o que dirigentes de bancos centrais esperam que encoraje o gasto dos consumidores.

Mas uma moeda mais forte pesa sobre os lucros das empresas japonesas, ao tornar as exportações mais caras, e resultados corporativos mais fracos podem significar um freio nos salários e nos gastos.

Economistas também disseram que os juros negativos são adotados em meio a uma série de ventos contrários, como o crescimento baixo, os preços fracos das commodities, a incerteza sobre a economia chinesa e a alta dos juros nos EUA.

Essas forças devem continuar a agir, o que retira parte do benefício das taxas negativas.

A economia japonesa provavelmente encolheu levemente no quarto trimestre, segundo estimativas, o que representaria a segunda contração em três trimestres. Os dados serão divulgados no dia 15.

A fraqueza no mercado de ações pode levar companhias a não elevar salários durante as negociações que ocorrem na primavera local, mesmo diante dos pedidos de Abe para que os executivos deem esse passo.

Ex-funcionário do BoJ e agora no Fujitsu Research Institute, Hideo Hayakawa afirmou que o relaxamento monetário ainda não gerou um ciclo positivo de gastos e investimentos. Os salários reais recuaram em 2015 pelo quarto ano segundo, informou o governo na segunda-feira.

Economistas disseram que a adoção de taxa de juros negativa pelo BoJ teve como objetivo enfraquecer o iene e impulsionar os preços das ações, porém ocorreu o oposto disso.

Na terça-feira, o juro do bônus de 10 anos do Japão caiu para território negativo pela primeira vez, enquanto o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou em queda de 5,4%, seu maior recuo porcentual desde junho de 2013.

Desde seu lançamento há mais de três anos, as diretrizes políticas de Abe receberam boa parte de seu combustível do iene fraco, que torna as exportações japonesas mais competitivas e aumenta o valor em ienes dos produtos vendidos fora.

Agora, porém, as preocupações com o exterior levam investidores a comprar o iene, visto como um ativo seguro. Alguns economistas avaliam que o BoJ pode levar a taxa de juro para território ainda mais negativo.

Porém o analista Yuji Kameoka, da Daiwa Securities, afirmou que o banco central não deve ter muito espaço para dar esse passo, diante do potencial revés que isso representará para os resultados dos bancos.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCâmbioDólarIeneJapãoMercado financeiroMoedasPaíses ricos

Mais de Economia

“Não me parece um gesto populista”, diz Haddad, sobre isenção de IR para quem ganha até R$ 5.000

Relatório da reforma tributária será lido na CCJ do Senado na próxima segunda e votado na quarta

Produção industrial recua 0,2% em outubro, após dois meses de crescimento

OCDE melhora previsão de crescimento do Brasil para 3,2% em 2024