Economia

Senado aprova, e Fernanda Nechio será nova diretora do Banco Central

Após ser sabatinada no Senado, Fernanda Nechio vai assumir a diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central

Fernanda Nechio: aprovada pelo Senado, a economista deverá participar da reunião do Copom no fim do mês (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Fernanda Nechio: aprovada pelo Senado, a economista deverá participar da reunião do Copom no fim do mês (Marcos Oliveira/Agência Senado)

R

Reuters

Publicado em 2 de julho de 2019 às 20h49.

Brasília — O Senado aprovou nesta terça (2) a indicação da economista Fernanda Nechio para a diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central, permitindo que ela tome posse a tempo de participar da próxima reunião do Comitê de Política Econômica (Copom), no final deste mês.

O plenário do Senado aprovou o nome de Nechio por 64 votos a favor, dois contrários e três abstenções.

Mais cedo, a economista foi sabatinada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde recebeu a aprovação unânime dos parlamentares.

Em discurso na comissão, Nechio defendeu que a aprovação de reformas fiscais é fundamental para permitir a retomada do crescimento sustentável e a queda da taxa de juros estrutural.

 

"Essas reformas são importantes para que a política monetária tenha eficiência no cumprimento de seus objetivos com um menor custo", afirmou.

Ao responder a perguntas dos senadores sobre o nível dos compulsórios no país, a economista afirmou que o instrumento se mostrou muito importante durante a crise financeira de 2008, mas que ainda assim o BC tem como meta reduzir seus níveis, considerados elevados, e simplificar sua cobrança.

Nechio destacou, contudo, que não há informações sobre prazos ou objetivos do programa de redução dos compulsórios.

Na última semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo pretende reduzir os compulsórios em 100 bilhões de reais. O BC divulgou uma nota negando que haja "prazos ou montantes" para a estratégia de redução.

Em resposta a outra pergunta dos senadores, Nechio disse considerar "arriscado" discutir a possibilidade de usar as reservas internacionais do país em "situações voluntaristas", como para ações de estímulo ao crescimento.

Para a economista, essa medida poderia gerar incerteza sobre a capacidade do país de honrar compromissos futuros. "Pode ser contraproducente", afirmou.

Em discurso, Nechio disse que, caso seu nome fosse aprovado, pretende contribuir para o trabalho da autoridade monetária de manter a conquista da inflação baixa e estável e de assegurar a estabilidade financeira.

Nechio, que nos últimos dez anos atuou como economista no Federal Reserve de São Francisco — parte do sistema que compõe o banco central dos Estados Unidos —, frisou que apenas a inflação baixa e estável protege o nível de renda, mantém eficazes as políticas de redução da desigualdade e viabiliza o planejamento de investimentos.

A economista, que será a quarta mulher a participar da diretoria do BC na história da autarquia, foi indicada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, para substituir o diretor Tiago Berriel, levado para o Banco Central pelo ex-presidente Ilan Goldfajn.

Em seu discurso, Nechio destacou que, no cenário internacional, "permanecem os riscos de uma desaceleração da economia global decorrentes de incertezas sobre políticas econômicas e geopolíticas, com impactos na dinâmica da atividade econômica brasileira".

Mas ela ressaltou que a atuação do BC, com reservas internacionais robustas e uma condução firme da política monetária, tem contribuído para criar as condições para que a economia absorva instabilidade no cenário internacional.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomSenado

Mais de Economia

Para investidor estrangeiro, "barulho local" sobre a economia contamina preços e expectativas

Qual estado melhor devolve à sociedade os impostos arrecadados? Estudo exclusivo responde

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024