Economia

Pior fase da turbulência financeira já passou, diz Guardia

Ministro declarou que os mercados internacionais se ajustaram depois de várias semanas de instabilidade, e governo deixou de intervir no câmbio

Para Guardia, no caso do Brasil, o principal problema da economia é o desequilíbrio fiscal (Wilson Dias/Agência Brasil)

Para Guardia, no caso do Brasil, o principal problema da economia é o desequilíbrio fiscal (Wilson Dias/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de julho de 2018 às 19h17.

A pior fase da turbulência financeira brasileira já passou, disse hoje (26) o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, que está em viagem à África do Sul. Em áudio divulgado pela assessoria da pasta, ele declarou que os mercados internacionais se ajustaram depois de várias semanas de instabilidade e ressaltou que o governo deixou de intervir no câmbio.

"Vivemos um momento de alta volatilidade no câmbio e nos juros. Nas últimas quatro semanas, não teve nenhuma intervenção no mercado de juros e de câmbio [oferta de novos contratos de venda de dólares no mercado futuro, swap cambial] e voltamos à normalidade. O CDS [risco país] está em baixa, os juros futuros caíram, o câmbio se estabilizou", declarou o ministro, que participa da reunião de cúpula do Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - em Joanesburgo.

Segundo Guardia, a atuação da equipe econômica teve caráter excepcional, e o governo não pretende fixar um valor para o câmbio nem para os juros. "O Banco Central e o Ministério da Fazenda não definem nível de preço. A atuação só ocorre quando alguma disfuncionalidade no mercado", acrescentou. Para o ministro, o caminho para manter a estabilidade no mercado consiste em prosseguir com as reformas estruturais.

O ministro da Fazenda ressaltou que o comunicado final do encontro representa um comprometimento com o equilíbrio fiscal para diminuir a vulnerabilidade das economias emergentes em meio a um cenário externo mais adverso. "No momento em que o mundo está indo para uma situação mais difícil, é muito importante reforçar as linhas de defesa. É fundamental que os países avancem nas reformas para ampliarem a capacidade de resistir a um cenário mais adverso. A gente conserta o telhado enquanto ainda está fazendo sol", disse.

Para Guardia, no caso do Brasil, o principal problema da economia é o desequilíbrio fiscal, num país com os juros nos níveis mais baixos da história, inflação baixa e elevadas reservas internacionais. "Ninguém está falando em estímulo fiscal para crescimento econômico. Você precisa ter a situação fiscal sólida, arrumada para que possa enfrentar momentos de maior adversidade. Há momentos em que o mundo vai crescer mais, em que o mundo vai crescer menos. O Brasil precisa estar preparado para qualquer cenário", ressaltou.

Leilão

O ministro classificou como bem sucedido o leilão de privatização da Cepisa, distribuidora da Eletrobras no Piauí. Segundo ele, o processo foi bem sucedido ao garantir a menor tarifa possível para o consumidor com compromisso de investimento. "O que eu quero chamar a atenção é: compromisso de investimento de mais de R$ 700 milhões numa empresa que precisa de investimento e o consumidor, na largada, vai pagar 8,5% a menos de preço de energia. Não é pouca coisa. Isso é extremamente importante", ressaltou.

Em relação à privatização das outras cinco distribuidoras, Guardia disse que está aguardando o desbloqueio da liminar que impede o leilão da Ceal, distribuidora de energia da Eletrobras em Alagoas, para definir uma data para a venda. Ele disse que a data do leilão das outras quatro distribuidoras da estatal - que atendem Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia - só será definida depois que o Senado aprovar projeto de lei que saneia financeiramente essas empresas.

Eleições

Guardia confirmou que tem conversado com assessores econômicos dos candidatos e pré-candidatos à Presidência da República. Ele não quis revelar o conteúdo das conversas, mas disse que o governo está repassando dados e explicando as ações desenvolvidas nos últimos dois anos. "Queremos estar abertos para dialogar com os economistas para que eles possam ter o melhor debate possível. A gente acha que, quanto mais informação, melhor a qualidade do debate. Depois das eleições, teremos trabalho de transição que faremos da melhor maneira possível", concluiu.

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