Economia

Para Goldman Sachs, emergentes se parecem cada vez mais com desenvolvidos

Banco avalia que diminuiu muito desde a década de 1990 o sofrimento dos emergentes com o chamado “pecado original”

Globos terrestres: banco vê maior convergência entre política monetária de emergentes e desenvolvidos (Gumpanat/Thinkstock)

Globos terrestres: banco vê maior convergência entre política monetária de emergentes e desenvolvidos (Gumpanat/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 16 de abril de 2018 às 12h32.

Última atualização em 16 de abril de 2018 às 12h49.

A queda da inflação e o menor risco de crises cambiais fazem com que diversos países emergentes fiquem parecidos com economias desenvolvidas, de acordo com o Goldman Sachs Group.

O maior descompasso entre as políticas monetárias das nações em desenvolvimento e dos EUA sugere que a normalização dos juros pelo banco central americano (Federal Reserve) dificilmente provocará a implementação de ciclos severos de aperto em países emergentes, segundo relatório do Goldman Sachs assinado por analistas como Jan Hatzius e Jari Stehn.

Autoridades nos países em desenvolvimento se deparam com uma situação de incerteza, uma vez que o crescimento econômico disparou mas os juros estão baixos pelos padrões históricos, de acordo com o estudo, que analisou 15 bancos centrais que seguem regimes de metas de inflação e câmbio flutuante.

Estas são outras conclusões do relatório:

* Sob diversos aspectos importantes, a política monetária nesses países agora se parece com a adotada em economias desenvolvidas. Especificamente, esses bancos centrais agora se concentram muito mais em hiato do produto e diferencial de inflação do que nas taxas de expansão do PIB e câmbio.

* Uma diferença persistente é que as nações em desenvolvimento dão à taxa de juros nos EUA papel mais importante do que o atribuído à mesma pelos bancos centrais de nações desenvolvidas. No entanto, há evidências de que o foco nos juros dos EUA vem diminuindo.

* A inflação contida e a ociosidade da capacidade instalada devem manter a normalização da política monetária nos emergentes em ritmo gradual, mesmo se o crescimento econômico continuar firme e o Fed prosseguir na trajetória de aperto. De modo geral, esta conclusão é consistente com a visão otimista do Goldman Sachs sobre o crescimento das economias emergentes.

* Diminuiu muito desde a década de 1990 o sofrimento dos emergentes com o chamado “pecado original” – a incapacidade de emitir dívidas denominadas em moeda própria. A redução do descasamento entre moedas esfriou o risco de crises cambiais e proporcionou aos bancos centrais dessas regiões maior espaço para trabalhar em prol de objetivos como a estabilidade de preços.

* O modelo do Goldman Sachs sugere substancial pressão de alta sobre as taxas básicas de juros no Brasil, Leste Europeu e Europa Central. Já a postura do México é mais agressiva do que o modelo requer diante das condições macroeconômicas. Os juros permanecem em níveis adequados na Índia e África do Sul, segundo os analistas.

Acompanhe tudo sobre:Desenvolvimento econômicoGoldman SachsInflaçãoJurosPaíses emergentesPolítica monetária

Mais de Economia

AGU pede revisão de parte da decisão de Dino que liberou emendas

Câmara adia votação do pacote de corte de gastos após impasse com STF por emendas

Reforma tributária: após reunião com Haddad, Braga diz que trabalha para fechar relatório até amanhã

Ceron: idade mínima para reserva de militares está em “revisão” e isenção do IR fica para 2025