Agência de Notícias
Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 08h53.
Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 08h53.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) melhorou a previsão de crescimento econômico do Brasil de 2,9% para 3,2% em 2024 graças ao impulso do consumo, embora tenha sugerido ao governo que tome medidas fiscais para ajudar a conter o aumento da despesa pública, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira.
Em seu estudo de Perspectivas Econômicas, a OCDE elevou sua projeção para a economia brasileira em relação ao valor preliminar divulgado no final de setembro, e colocou-a em linha com o crescimento global, também estimado em 3,2%.
A nova previsão aproxima-se do crescimento de 3,3% esperado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora já tenha antecipado ontem que vai revisá-la para cima depois de o país ter crescido 0,9% no terceiro trimestre.
Por outro lado, a organização que reúne as economias mais avançadas do planeta baixou a expectativa de crescimento para 2025, dos 2,6% estimados no relatório preliminar de setembro para 2,3%, enquanto para 2026 cifrou-a em 1,9%.
A OCDE destacou, entre os fatores que explicam a recuperação de 2024, o aumento dos investimentos privados e a solidez do consumo das famílias, impulsionado pelos aumentos salariais e pela queda do desemprego, que passou de 15% em 2021 para 6,4% no último mês de setembro.
Apesar da melhoria da previsão para 2024, a organização mencionou um provável abrandamento do investimento privado no final do ano e uma queda na produção agrícola, provocada pelo excesso de chuvas no sul do país e por uma forte seca no norte.
Além disso, destacou que a inflação, depois de uma queda sustentada, voltou a crescer para 4,8% em outubro, o que obrigou o Banco Central a aumentar a taxa de juros para 11,25% anuais após um longo ciclo de baixas.
A OCDE espera que o Banco Central mantenha os aumentos até atingirem 11,75% no primeiro semestre de 2025 e comece a reduzi-los no final do próximo ano com a redução dos preços.
Entre os riscos, a entidade citou ainda a projeção de que o déficit fiscal primário atinja 0,6% do PIB este ano, limite do que a lei permite, devido à pressão exercida pela indexação das pensões e benefícios sociais e pelas normas constitucionais que exigem gastos mínimos em saúde e educação.
Nesse sentido, defendeu uma “reforma fiscal estrutural” que flexibilize estas regras, sem a qual o cumprimento das metas fiscais para 2025 seria “mais difícil”, segundo o relatório.
Em uma nota positiva, a OCDE ressaltou que a implementação da reforma fiscal aprovada em dezembro do ano passado, e que unifica vários impostos sobre o consumo, reduzirá os custos das empresas e gerará maior confiança.