Economia

O que você pode esperar da economia do Brasil em 2016

Para especialistas, reforma da previdência e corte de programas sociais são algumas das mudanças necessárias para a volta do crescimento


	EXAME Fórum 2016: otimismo com a retomada do crescimento econômico brasileiro
 (Flávio Santana/Biofoto)

EXAME Fórum 2016: otimismo com a retomada do crescimento econômico brasileiro (Flávio Santana/Biofoto)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 30 de setembro de 2016 às 16h13.

São Paulo - Afinal, como a economia do Brasil pode voltar a crescer? Com um pacote de mudanças ousadas, como a PEC dos gastos públicos, a reforma da previdência e o corte de programas sociais. Acrescente ainda doses generosas de financiamento externo, redução do endividamento das empresas e aumento da produtividade.

A receita é de três grandes especialistas nos desafios da macroeconomia brasileira, que apresentaram suas ideias no EXAME Fórum 2016, realizado nesta sexta-feira (30), em São Paulo. Os três têm uma visão otimista sobre o futuro da economia brasileira: no curto prazo, o governo deve conseguir aprovar as medidas do ajuste fiscal no Congresso Nacional e, assim, retomar o crescimento.

Mansueto Almeida, secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, disse que as propostas de reforma do atual governo são “audaciosas” e que cortar despesas gradualmente é a única forma de fazer os ajustes sem aumentar impostos. Para isso, a aprovação de um teto para gastos públicos e a reforma da previdência são essenciais.

“Não é normal em nenhum outro lugar do mundo se aposentar com 55 anos de idade. Se a reforma da previdência não ocorrer, os gastos com aposentadoria representarão mais de 20% do PIB até 2060”, alertou.

Segundo Almeida, o governo ainda vai precisar fazer uma análise criteriosa do custo-benefício de todas as políticas públicas e cortar os programas sociais que não deram resultados.

“Teremos uma discussão democrática sobre orçamento que nunca aconteceu no Brasil antes”, disse ele.

Produção e investimento

Paulo Leme, presidente do banco Goldman Sachs, destacou que o setor privado terá uma responsabilidade grande de contribuir com a retomada do crescimento da economia. De acordo com ele, o financiamento externo é fundamental para permitir um ajuste fiscal gradual e dar tempo para as empresas reorganizarem seus balanços.

“Compete a nós, empresários, continuar dando sinais crescentes de que estamos avançando”, incentivou e lembrou que as empresas brasileiras se endividaram além do que tinham capacidade. “No curto prazo, as empresas vão estar muito mais focadas na sua liquidez do que em novos investimentos”, disse.

Um dos principais especialistas em produtividade do Brasil, Regis Bonelli, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, ressaltou que crescimento do PIB e aumento da produtividade caminham juntos no longo prazo e, para isso, precisam que os investimentos aumentem.

“Vamos crescer no curto prazo, mas pensando em um horizonte de 10 a 15 anos, o crescimento do PIB e da produtividade dependem da taxa de investimento”, explicou.

Segundo o pesquisador, a produtividade brasileira caiu porque o crescimento da economia antes da recessão foi baseado no setor de serviços, e não na agropecuária e na indústria, segmentos com produtividade mais alta.

Além disso, a infraestrutura do país ficou congestionada, com obras paralisadas e unidades de energia não interligadas às redes de transmissão, por exemplo.

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