Economia

Mudança na regulação bancária pode impulsionar turismo estrangeiro no Brasil, diz executivo da Wise

Para abrir conta no Brasil, diz Yves Berbert, é necessário comprovar a identidade que possa ser verificada e validada, além de um CPF e endereço

Yves Berbert: mudança na regulação bancária pode atrair mais turistas estrangeiros para o Brasil — bem como mais investimentos em dólares e euros (TIAGO QUEIROZ / WISE/Divulgação)

Yves Berbert: mudança na regulação bancária pode atrair mais turistas estrangeiros para o Brasil — bem como mais investimentos em dólares e euros (TIAGO QUEIROZ / WISE/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 15 de março de 2024 às 09h00.

Última atualização em 15 de março de 2024 às 10h39.

O crescimento de contas internacionais tem facilitado a vida dos brasileiros no exterior. A entrada de empresas estrangeiras nesse mercado obrigou até os bancos brasileiros a oferecerem serviços semelhantes, diante da competição por uma fatia dos recursos usados para o pagamento de despesas em viagens para outros países. Entretanto, o turista estrangeiro que vem ao Brasil não conta com a mesma facilidade. Uma mudança na regulação bancária, afirma o country manager da Wise no Brasil, Yves Berbert, em entrevista À EXAME.

“Apesar de prever a modalidade de conta para não-residentes, ainda não existe uma democratização desse produto no país, principalmente por causa da ausência de clareza nas normas locais”, diz Berbert.

Segundo ele, atualmente, para abrir uma conta bancária no Brasil é necessário comprovar a identidade por um documento de identificação que possa ser verificado e validado, além de um CPF e endereço válidos. Para um estrangeiro abrir uma conta no Brasil, afirmou o executivo da Wise, seriam necessárias orientações mais claras sobre quais documentos de identidade seriam aceitáveis — sem a atual exigência de apresentação do CPF e flexibilidade na validação do endereço.

“Uma mudança na regulação bancária divulgada pelo Banco Central facilitaria as transações financeiras internacionais e pode, de fato, atrair mais turistas estrangeiros para o Brasil — bem como mais investimentos em dólares e euros —, contribuindo para o crescimento econômico do país”, afirma.

Com o Brasil entre os cinco mercados prioritários, a Wise tem investido significativamente no país. Berbert não comenta o número total de clientes, mas afirma que a companhia deve crescer significativamente nos próximos anos. “Não posso fornecer números exatos sobre o total de clientes no Brasil, mas posso compartilhar que, até junho do ano passado, foram emitidos um milhão de cartões no Brasil. Globalmente, a empresa alcançou a marca de 16 milhões de usuários e ganha cerca de 100 mil novos usuários toda semana”, diz.

Leia abaixo a entrevista na íntegra:

Um cliente estrangeiro pode ter uma conta Wise no Brasil?

Apesar de prever a modalidade de conta para não-residentes, ainda não existe uma democratização desse produto no país, principalmente por conta da ausência de clareza nas normas locais. Não existe ainda uma definição sobre a identidade do cliente estrangeiro, assim como uma maior dificuldade para o cumprimento das disposições normativas referentes à prevenção à lavagem de dinheiro. Isso limita a oferta de um produto competitivo no país.

Como o cliente estrangeiro da Wise faz compras no Brasil?

No Brasil, um turista estrangeiro pode utilizar os serviços da Wise para fazer transferência de dinheiro e utilizar seu cartão de débito para fazer compras em real — para tal, é preciso que esse cliente tenha saldo disponível em outras moedas, como dólar ou euro. A Wise realiza a conversão automaticamente e o cliente pode ver no seu aplicativo o valor da compra em real e na moeda de origem.

O que seria necessário mudar para esse cliente estrangeiro ter uma conta em reais?

Como uma plataforma financeira, a Wise precisa cumprir com as regulamentações locais de abertura de contas bancárias para oferecer essa funcionalidade. Atualmente, para abrir uma conta bancária no Brasil é necessário comprovar a identidade por um documento de identificação que possa ser verificado e validado, além de um CPF e endereço válidos. Pensando na expansão desse formato aos estrangeiros, poderíamos, no futuro, ter orientações mais claras sobre quais documentos de identidade seriam aceitáveis, ressalva da apresentação do CPF e flexibilidade na validação do endereço.

E um cliente brasileiro? Ele pode ter conta e dados bancários em outros países?

Sim, clientes brasileiros podem abrir uma conta Wise e ter dados bancários em outros 11 países, como Estados Unidos, Bélgica (União Europeia) e Reino Unido. Assim, o usuário consegue receber e enviar pagamentos internacionalmente com facilidade e usando o câmbio comercial, ou seja, a taxa de conversão utilizada na Wise.

Essa mudança legal tem potencial para atrair mais turistas, dólares e euros para o Brasil?

Com certeza, a mudança na regulação bancária pelo Banco Central facilitaria as transações financeiras internacionais e poderia, de fato, atrair mais turistas estrangeiros para o Brasil — bem como mais investimentos em dólares e euros —, contribuindo para o crescimento econômico do país.

E quais os planos da Wise para o Brasil?

O Brasil está entre os cinco mercados prioritários para a Wise. Os planos da Wise para o nosso país incluem continuar a oferecer soluções financeiras inovadoras e acessíveis para clientes, expandindo nossa presença no país e desenvolvendo parcerias estratégicas com instituições locais para melhor atender às necessidades do mercado brasileiro. Ainda temos contribuições significativas a fazer para os nossos clientes brasileiros. Continuamos operando de acordo com nossos valores globais, transparência e segurança, focados em criar uma rede de pagamentos internacionais inovadora que economize tempo e dinheiro e não cause transtornos aos nossos clientes.

Quantos clientes a empresa tem no Brasil? Quais as metas de crescimento para os próximos anos?

Não posso fornecer números exatos sobre o total de clientes no Brasil, mas posso compartilhar que, até junho do ano passado, foram emitidos um milhão de cartões no Brasil. Globalmente, a empresa alcançou a marca de 16 milhões de usuários e ganha cerca de 100 mil novos usuários toda semana.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralBancosDólarEuro

Mais de Economia

Reforma Tributária: relatório está em fase final e votação será na semana do dia 10 de dezembro

Pacote não agrada, IR contamina ajuste e Haddad não descarta novas medidas para frear dívida pública

O que diz a proposta do governo sobre taxação de quem ganha mais de R$ 50 mil por mês; entenda

Pacheco diz que pacote fiscal será prioridade nas próximas três semanas