Mercado reduz estimativa de inflação pela 7ª vez seguida
Parte do mercado também já vê Selic a 4,75% no fim de 2019, mostra Boletim Focus, do Banco Central
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2019 às 09h24.
Última atualização em 23 de setembro de 2019 às 09h41.
São Paulo — Instituições financeiras reduziram, pela sétima vez seguida, a estimativa para a inflação neste ano. De acordo com pesquisa do Banco Central (BC) ao mercado financeiro, a previsão para a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deste vez, passou de 3,45% para 3,44%, em 2019.
Para 2020, foi mantida em 3,80%. A previsão para os anos seguintes também não teve alterações: 3,75%, em 2021, e 3,50%, em 2022.
As estimativas para 2019 e o próximo ano estão abaixo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Quando o Comitê de Política Monetária aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Para o mercado financeiro, a Selic deve terminar 2019 em 5% ao ano. Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a Selic de 6% para 5,5% ao ano.
A expectativa do mercado é que Selic voltará a ser reduzida em 0,5 ponto percentual em outubro e permanecerá em 5% ao ano na última reunião do ano marcada para dezembro.
O mercado não espera por alteração na Selic em 2020, com a taxa permanecendo em 5% ao ano. Para 2021, a expectativa é que a Selic termine o período em 6,75% ao ano. Na semana passada, a previsão era 7% ao ano. Para o fim de 2022, a expectativa é que a taxa chegue a 7% ao ano.
Crescimento da economia
A previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - foi mantida em 0,87% em 2019.
As estimativas para os anos seguintes também não foram alteradas: 2%, em 2020; e 2,50%, em 2021 e 2022.
Dólar
A previsão para a cotação do dólar ao fim deste ano subiu de R$ 3,90 para R$ 3,95 e, para 2020, foi mantida em R$ 3,90.
Selic
Os analistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para o juro básico em 2019 e 2020 em 5,00% ao ano, conforme atualização da pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira, mas as instituições que mais acertam as previsões cortaram os números, após o BC ter reduzido o juro na semana passada e indicado novos cortes.
O Top 5 de curto prazo diminuiu a previsão para a Selic ao fim de 2019 a 4,75%, pela mediana das estimativas, ante 5,00% na semana anterior. Para 2020, a mediana indica Selic de 4,88%, ante 5,00% na semana anterior.
O Top 5 de médio prazo reduziu o prognóstico de 5,00% para 4,75% tanto para o fim de 2019 quanto de 2020, também segundo mediana das estimativas.
Na quarta-feira da semana passada, o BC cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 5,50% ao ano (nova mínima histórica) e surpreendeu os mercados pela indicação explícita de novo alívio monetário. Na curva de juros, operadores passaram a ver Selic abaixo de 5% já a partir do fim deste ano.
Na esteira da indicação do BC, várias instituições financeiras reduziram as projeções para o juro básico para abaixo de 5%, como XP Investimentos, Citi, Bradesco, BofA, Santander Brasil, BNP Paribas e Credit Suisse.
O BC divulgará na terça-feira a ata do Copom, na qual detalhará os motivos que levaram ao corte do juro e à indicação de mais afrouxamento monetário.
Outros índices
O Focus também mostrou que a mediana das projeções do IGP-M de 2019 passou de alta de 5,07% para elevação de 5,09%. Há um mês, estava em 5,71%. No caso de 2020, o IGP-M projetado foi de alta de 4,05% para elevação de 4,06%, ante 4,08% de quatro semanas antes.
Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.