Economia

Lula, Haddad e Padilha debatem hoje tramitação do pacote fiscal com líderes do Congresso

Governo ainda avalia melhor momento de envio de proposta do IR, mas não deve recuar da proposta

Governo debate pacote fiscal no Congresso com foco em mudanças no Imposto de Renda (AFP)

Governo debate pacote fiscal no Congresso com foco em mudanças no Imposto de Renda (AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 17h21.

Tudo sobreLuiz Inácio Lula da Silva
Saiba mais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir nesta tarde com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para debater a estratégia de tramitação do pacote fiscal no Congresso na presença dos líderes do governo.

Até o momento, só foram enviados dois dos cinco projetos prometidos pelo governo. Um adequa a regra de valorização do salário mínimo aos parâmetros do arcabouço fiscal e altera as regras de liberação de emendas parlamentares. O outro trata do aperto nas regras de concessão do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que trata das mudanças do abono salarial e no Fundeb, deve ser enviada ainda hoje. Ainda faltam os projetos que tratam da carreira dos militares e da ampliação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil.

Resistência do Congresso

A inclusão da ampliação do IR no âmbito da discussão sobre corte de gastos causou grande turbulência no mercado financeiro e vem contribuindo para manter o dólar acima de R$ 6. A preocupação é se as medidas para compensar a renúncia fiscal serão aprovadas em meio à resistência do Congresso em aumentar impostos.

O governo propõe estabelecer um imposto mínimo para quem ganha mais de R$ 600 mil por ano, além de limitar a isenção de IR para quem tem moléstia grave. Como mostrou O Globo, a minuta do projeto mostra que a intenção é estabelecer uma alíquota de 7,5% de IR retido na fonte para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais em dividendos. A minuta mostra ainda taxação de 7,5% para remessas de lucro de empresas ao exterior.

Secretaria de Relações Institucionais avalia projeto

Diante da repercussão, a Secretaria de Relações Institucionais está avaliando o melhor momento para enviar o projeto de isenção do IR ao Congresso. Segundo interlocutores, apesar de todos os ruídos, o governo não deve recuar da proposta, anunciada em rede nacional por Haddad na quarta-feira. Tampouco, porém, há pressa no envio.

Técnicos da equipe econômica avaliam que as declarações dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deixam claro que a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil pode ser esvaziada no Congresso.

Os presidentes das Casas disseram na sexta-feira que o tema só será discutido em 2025 e só será aprovado se existir condição fiscal para acomodar a perda na arrecadação, estimada em R$ 35 bilhões por ano.

Reformas no Pacote Fiscal

A inclusão da isenção do IR no anúncio do pacote foi uma queda-de-braço vencida pela ala política do governo e do PT para amenizar o efeito negativo das medidas impopulares. O ministro Fernando Haddad era contra tratar do benefício em conjunto com os cortes, mas foi voto vencido.

O foco da equipe econômica agora é concentrar esforços para aprovar as medidas fiscais no Congresso, a cerca de três semanas do recesso parlamentar. Haddad será envolvido diretamente nas negociações com os parlamentares.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaFernando HaddadNovo arcabouço fiscal

Mais de Economia

Rui Costa diz que PEC com novas regras do abono salarial será enviada ao Congresso nesta segunda

Análise: na pauta econômica, as atenções agora estão com o Congresso

Galípolo volta a sinalizar juros altos por mais tempo e mercado já espera Selic em 13,25% em março

Boletim Focus: mercado eleva projeções da Selic para 2025 e 2026