Lula falou nesta segunda que "quer ser ouvido" e que "não é maior do que ninguém" (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
Repórter colaborador
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 14h53.
Depois de dizer na semana passada que iria denunciar na OMC a taxação prevista pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou o tom nesta segunda-feira, 17.
Em evento promovido pela Petrobras no Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, Lula disse que "em vez de dar uma mordida, gostaria de dar um beijo".
"O Brasil é um país de paz, não temos divergências, gostamos de todos e queremos que todos gostem da gente. Eu, em vez de dar um murro, gosto de dar um abraço. Em vez de uma mordida, gosto de dar um beijo", disse o petista.
"Agora entra um novo presidente e qual é o discurso? América para os americanos, vamos taxar tudo que é produto importado e mandar embora todos os imigrantes. Os imigrantes que ajudaram a construir aquela grande pátria, os latinos que foram lá fazer trabalhos que os americanos não queriam mais fazer. Cadê a democracia? Cadê o respeito ao livre trânsito dos seres humanos? E aí começa a ameaça ao mundo, todo dia tem ameaça."
Na segunda-feira passada, 10, Donald Trump assinou decretos que impõe taxas de 25% sobre o aço e o alumínio que entram nos Estados Unidos. A decisão pode prejudicar a indústria brasileira, uma das principais exportadoras de aço para os EUA. O Brasil também é um importante fornecedor de alumínio para o país.
O presidente também anunciou tarifas recíprocas, o que pode atingir em cheio o setor de etanol do Brasil.
"É verdade que os EUA são dos americanos, a China é dos chineses, a Rússia é dos russos, a Índia é dos indianos, mas também é verdade que o Brasil é dos brasileiros", afirmou Lula no mesmo evento nesta segunda. "Eles têm que respeitar as coisas que temos aqui dentro. Eu não sou maior do que ninguém, mas também não sou menor do que ninguém. Apenas quero ser igual, quero ter o direito de ser ouvido."