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Inflação fecha o ano em 10,06% no IPCA, pior alta desde 2015

O IPCA, principal métrica da inflação brasileira, fechou o ano em alta de 10,06%. Os preços devem subir menos em 2022, mas atividade econômica fraca segue sendo preocupação

Supermercado: itens essenciais como alimentação, energia elétrica e combustíveis subiram ainda acima do IPCA (Leandro Fonseca/Exame)
CR

Carolina Riveira

Publicado em 11 de janeiro de 2022 às 09h03.

Última atualização em 11 de janeiro de 2022 às 13h16.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ), principal métrica da inflação brasileira, encerrou 2021 com alta de 0,73% em dezembro, reforçando tendência de desaceleração nos aumentos de preços durante as últimas semanas do ano.

O índice em dezembro ficou abaixo do medido em novembro, quando o IPCA subiu 0,95%.

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No acumulado de 2021, o IPCA encerrou com alta de 10,06% em 12 meses, segundo divulgado nesta terça-feira, 11, pelo IBGE. Em 2020, o índice havia tido alta muito menor, de 4,52%.

Apesar da desaceleração no apagar das luzes de 2021, este é o pior resultado anual para a inflação desde 2015, quando o IPCA fechou com alta de 10,67%.

O IPCA de 2021 superou também o de 2003, que ficou em 9,30%, confirmando 2021 como um dos anos de inflação mais alta desde a criação do Plano Real em 1994 e estabilização da moeda que viria nos anos seguintes.

Os grupos que mais impactaram no aumento recorde do IPCA em 2021 foram Transportes, com alta de 49,02% no preço dos combustíveis no ano e Habitação, após alta de 21,21% na energia elétrica, além de Alimentos e Bebidas.

Esse último grupo teve alta anual menor do que em 2020 (7,94%, ante 14,09% no ano anterior), mas o custo da alimentação segue pressionando o bolso do consumidor e o cálculo final do IPCA, dada sua grande importância na cesta do índice.

Os preços no Brasil vêm desde 2020 em uma trajetória de altas bruscas, em meio ao aumento do dólar, subida de preços de combustíveis no mercado internacional, crise hídrica que impactou a energia elétrica e preços dos alimentos.

O choque de oferta mundo afora diante da pandemia da covid-19, como a falta de insumos para a indústria, também colaborou negativamente para o aumento da inflação brasileira nos últimos anos. A expectativa é que, com o mundo entrando no terceiro ano de pandemia, a situação das cadeias globais se estabilize.

Inflação menor em 2022

Pelas projeções de mercado, os preços devem subir menos em 2022. A estimativa até agora é que o IPCA caia quase pela metade, fechando o ano a 5,03%, segundo a mediana dos analistas ouvidos no último boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 10.

Uma preocupação é que a desaceleração da inflação, a princípio uma boa notícia, virá acompanhada de atividade econômica fraca e juros altos.

O Banco Central tem promovido sucessivos aumentos na taxa Selic para conter a inflação.A última alta da Selic foi de 7,75% para 9,25% ao ano, em 8 de dezembro, após a taxa de juros ter começado 2021 em baixa histórica, a 2%.

No último Focus, economistas também revisaram para 11,75% a estimativa de Selic para 2022 e o crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro para 0,28% (há um ano, analistas projetavam o PIB brasileiro crescendo 2,5% em 2022).

Os produtos que mais subiram em dezembro

Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preço em dezembro no IPCA.

Principais vilões da inflação nos últimos meses, combustíveis e energia elétrica começam a dar trégua aos consumidores, levando a desaceleração de preços do grupo Transportes (de 3,35% para 0,58%) e Habitação (de 1,03% para 0,74%), respectivamente.

Na outra ponta, a maior variação nos preços veio em Vestuário (2,06%, ante 0,95% em novembro). Em seguida, estão Artigos de Residência (1,37%), incluindo móveis e eletrodomésticos, categorias em alta nas festas de fim de ano.

O grupo de Alimentação e bebidas (0,84%) teve a terceira maior variação de preço e foi também o que mais impactou o IPCA no mês, diz o IBGE.


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