Fernando Haddad: ministro comenta situação com Carrefour (Diogo Zacarias/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 19h14.
Última atualização em 25 de novembro de 2024 às 19h42.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 25, que a reação do governo brasileiro as declarações do CEO global do Carrefour é “justificada “. Segundo ele, a expectativa é de que a empresa se “reposicione” neste caso. Além disso, Haddad disse que a tendência é de que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia seja assinado no próximo mês.
“Não vou ficar comentando atitude de empresa, mas houve uma reação justificava. Mas acredito que a empresa vá se reposicionar”, disse.
Como mostrou a EXAME, o Carrefour da França anunciou que não comprará carne proveniente dos países do Mercosul. A decisão foi comunicada na última quarta-feira, 20, pelo presidente global da rede, Alexandre Bompard, em uma carta enviada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA).
O posicionamento ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra a importação de produtos do Mercosul e a aprovação do acordo comercial com a União Europeia (UE).
Setores agrícolas da França têm pressionado o presidente Emmanuel Macron a não avançar no diálogo e a priorizar a defesa da produção nacional.
Segundo Haddad, a tendência é o acordo entre Mercosul e a União Europeia seja assinado ainda em 2024. O ministro da Fazenda disse que esteve pessoalmente com o presidente da França, Emanuel Macron, para tratar do assunto e que as preocupações dele são legítimas. Entretanto, Haddad sinalizou que isso não deve inviabilizar o acordo entre os dois blocos.
Em entrevista à rádio France Inter, a ministra da Agricultura e Soberania Alimentar da França, Annie Genevard, reiterou sua posição contrária ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
“O projeto de acordo com o Mercosul não é bom. Ele causa uma concorrência desleal, não atende aos padrões sanitários e falha no plano ambiental", disse Genevard.
Segundo ela, a posição da França tem influenciado o debate sobre a assinatura da tratativa, prevista para ocorrer no dia 6 de dezembro, de acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro.
“Estamos defendendo padrões de sustentabilidade econômica e ambiental para nossos agricultores, e nossa posição está mudando as linhas do debate na Europa”, afirmou a ministra.
Na visão de Genevard, o acordo falha em compromissos de sustentabilidade e transparência, indo no sentido contrário do que o bloco europeu acredita.
"Não é aceitável abrir nosso mercado a produtos que não respeitam os mesmos padrões que exigimos de nossos produtores", disse ela.
Vários protestos ocorreram nesta segunda-feira feira em diversas partes da França, com os agricultores do país contrários à assinatura do acordo.