Economia

Haddad: alta do dólar é problema de comunicação do governo sobre autonomia do BC e arcabouço

O ministro da Fazenda também afirmou que se reunirá com Lula na quarta para tratar de medidas para cumprir as metas estabelecidas no arcabouço para 2024, 2025 e 2026

Haddad afirmou que a reunião marcada com Lula na quarta-feira, 3, tratará exclusivamente da agenda fiscal para o cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço para 2024, 2025 e 2026 (Diogo Zacarias/MF/Flickr/Divulgação)

Haddad afirmou que a reunião marcada com Lula na quarta-feira, 3, tratará exclusivamente da agenda fiscal para o cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço para 2024, 2025 e 2026 (Diogo Zacarias/MF/Flickr/Divulgação)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 2 de julho de 2024 às 12h09.

Última atualização em 2 de julho de 2024 às 14h07.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 2, que o encarecimento no preço do dólar decorre de um problema na “comunicação” do governo sobre a autonomia do Banco Central (BC) e sobre o arcabouço fiscal. Segundo ele, “o melhor a se fazer é acertar a comunicação”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito reiteradas declarações contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, contra a autonomia da autoridade monetária e sinalizado que não pretende cortar gastos públicos.

“Eu acredito que o melhor a fazer é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central, como o presidente fez hoje de manhã, quanto em relação ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso. Autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal. Isso que vai tranquilizar as pessoas. É uma questão mais de comunicação do que qualquer outra coisa”, afirmou Haddad, ao ser questionado por jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda.

Haddad ainda afirmou que a reunião marcada com Lula na quarta-feira, 3, tratará exclusivamente da agenda fiscal para o cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço para 2024, 2025 e 2026.

Tentativa de moderação no discurso

Lula tem criticado insistentemente o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, a postura de empresários e daqueles que chama de “ricaços”.

Na última segunda, 1º de julho, em viagem oficial a Salvador, na qual o governo federal anunciou investimentos na Bahia, Lula afirmou que não tem que prestar contas a "banqueiro" ou a "ricaço", mas sim ao povo pobre do país.

"Não tenho que prestar contas a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro. Tenho que prestar contas ao povo pobre, trabalhador deste país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles", afirmou o presidente.

Nesta terça, entretanto, Lula concedeu entrevista à Rádio Sociedade, tentou moderar o discurso e disse novamente que se preocupa com o patamar da Selic. Também reiterou a visão de que o BC "não pode estar a serviço do mercado". O presidente também disse que é preciso “manter o BC funcionando de forma correta e com autonomia”.

O chefe do Executivo também declarou que seu governo tentará “encontrar soluções sobre ajuste fiscal”.

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