Economia

Guedes diz que enquanto tiver a confiança de Bolsonaro, não deixará o cargo

O ministro da economia disse que só vai embora "se alguém me mostrar que estou fazendo algo muito errado"

Paulo Guedes: o ministro participou do podcast com o youtuber Thiago Nigro, do canal Primo Rico (Marcos Corrêa/PR/Reuters)

Paulo Guedes: o ministro participou do podcast com o youtuber Thiago Nigro, do canal Primo Rico (Marcos Corrêa/PR/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de março de 2021 às 09h31.

Depois de o presidente Jair Bolsonaro determinar a troca do presidente da Petrobras, o que abriu questionamentos sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo, o ministro disse que só vai embora "se alguém me mostrar que estou fazendo algo muito errado".

"Tenho noção de compromisso enquanto puder ser útil e gozar da confiança do presidente. Se o presidente não confiar em meu trabalho, sou demissível em 30 segundos. Se eu estiver conseguindo ajudar o Brasil, fazendo as coisas que acredito, devo continuar. Ofensa não me tira daqui, nem o medo, o combate, o vento, a chuva", afirmou.

Guedes gravou na última sexta-feira (26) podcast com o youtuber Thiago Nigro, do canal Primo Rico, que foi ao ar no início da manhã desta terça-feira, dia 2. Ele disse ter uma missão e se sentir responsável por esse desafio. "Consigo ter uma comunicação boa com o presidente de um lado e com a centro-direita de outro. O que me tira daqui é a perda da confiança do presidente e ir pro caminho errado. Se tiver que empurrar o Brasil para o caminho errado, prefiro sair. Isso não aconteceu, tenho recebido apoio do presidente e do Congresso para ir na direção certa", afirmou.

O ministro aproveitou o programa para fazer um longo desabafo sobre seus problemas no governo. "Piratas privados estão colocando boato no jornal todo dia, dizendo que o ministro vai cair, ministro brigou com presidente, presidente brigou com o ministro. Tem políticos que querem contribuir com o futuro do Brasil, mas tem um pedaço que é o pântano", afirmou.

Guedes contemporizou a situação dizendo que os políticos podem "brigar entre si", mas que ele não pode brigar com ninguém. "A maioria esmagadora do Congresso é reformista, mas tem meia dúzia porcento que está com maus desígnios", completou. "Há pedra no caminho de vez em quando, mas cai, levanta de novo. O saldo é vastamente positivo, estamos conseguindo andar".

Em uma versão "paz e amor", Guedes disse que está se tornando "um ser humano melhor", e que não pode "pensar só nos números". "A confusão está tão grande que estou sendo obrigado a ficar mais sereno. Só vou conseguir entregar o produto se ficar calmo. Está todo mundo nervoso demais, eu que sou nervoso, tenho que ficar calmo", completou.

O ministro falou ainda de "narrativas idiotas" que o colocam como uma pessoa que quer reduzir gastos com saúde e educação. O texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial originalmente acabava com pisos de gastos para as duas áreas. "Quem é o idiota que seria contra a saúde? Como posso ser contra educação se sou produto da educação? São narrativas idiotas, despreparadas, odientas".

Guedes afirmou estar "perdendo bastante dinheiro" estando no governo e disse ter entrado no governo "meio inadvertidamente". "O presidente tem ótimas intenções, responsabilidade e compromisso com o País. Parti da ideia de que vindo para cá teria apoio do presidente para fazer mudanças. O presidente também quer mudanças, isso nos aproximou", completou.

O chefe da Economia de Bolsonaro disse ainda que nunca pensou que seria o ministro que mais aumentaria gastos públicos no Brasil. "O destino me tornou pessoa que gastou muito, mas gastei com consciência tranquila porque sei que era compromisso com a saúde dos brasileiros e com a recuperação econômica", afirmou.

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