Estragos da guerra comercial começam a pesar sobre consumidores
O desaquecimento do setor de manufatura alimenta temores de que a economia mundial esteja a caminho de uma recessão
Ligia Tuon
Publicado em 5 de setembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 5 de setembro de 2019 às 06h00.
Consumidores de todo o mundo estão com muito peso sobre os ombros, e a pressão começa a aparecer.
Como as ameaças sobre a demanda - desde as tensões comerciais EUA-China até o Brexit - atingem a confiança e decisões de investimento de empresários, os consumidores mostram que são os principais fatores de impulso do crescimento global.
O JPMorgan Chase calcula que o volume global de vendas no varejo subiu 4,8% no último trimestre, puxado ainda pela falta de mão de obra.
Mas há sinais de que essa tendência pode mudar em breve, já que odesaquecimento do setor de manufaturapode atingir as contratações, e os mercados financeiros se contraem em meio à guerra comercial .
Ambas as forças podem levar à uma redução dos gastos dos consumidores, alimentando temores de que a economia mundial esteja a caminho de uma recessão.
Economistas do Morgan Stanley já alertam que a economia americana só não entrou em recessão devido aos gastos dos consumidores nos EUA. O JPMorgan projeta que o crescimento global do emprego se mantenha em torno de 1% no último trimestre, uma desaceleração em relação ao ritmo anterior.
"Seria equivocado acreditar que a fraqueza da manufatura não será filtrada para o resto da economia", embora as fábricas representem uma parcela relativamente pequena da produção nos EUA, disse Gregory Daco, economista-chefe da Oxford Economics.
Um grande alerta veio na semana passada, quando preocupações com tarifas e inflação contribuíram para a maior queda do índice de confiança do consumidor medido pela Universidade de Michigan em quase sete anos.