Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 5 de agosto de 2024 às 19h53.
Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 20h37.
Santiago, Chile* - A Embraer está na disputa para vender aeronaves para a companhia aérea Latam. Segundo auxiliares próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está em discussão a compra de 30 ou mais aviões para reforçar a atuação da companhia aérea na aviação regional no Brasil.
Diferentemente do que noticiou EXAME mais cedo, a Latam não deve anunciar a compra de aviões nesta segunda-feira, 5. Ao longo do dia, a reportagem conversou com executivos e integrantes do governo brasileiro envolvidos nas tratativas entre a companhia aérea e a Embraer.
Entretanto, os mesmos técnicos do governo admitiram que a Latam também está em negociações com a Airbus. A fabricante que oferecer as melhores condições fechará o negócio.
“Essa negociação não é simples. A Latam já tem relação sólida com a Airbus e isso faz diferença. Mas as tratativas estão em andamento e há disposição da Embraer, com auxílio do governo, de oferecer as melhores condições”, disse um auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Tamanho é o envolvido do governo brasileiro nesse processo que Lula se reúne nesta segunda com o CEO global da Latam, Roberto Alvo, e com o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier. Também participará da conversa o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Segundo técnicos do governo, a tendência é de que as negociações durem mais tempo. Do lado brasileiro já há um sinal positivo para o financiamento das aeronaves da Embraer pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Atualmente, a Latam possui 159 aviões em operação no Brasil, dos quais 139 foram fabricados pela Airbus e são usados para voos domésticos ou na América do Sul. As outras 20 aeronaves são da Boeing e usadas para viagens de longa distância para a Europa, África e América do Norte.
Líder no mercado brasileiro, a companhia aérea tem reforçado, desde o fim da pandemia, a oferta de voos regionais. Um exemplo disso, ocorreu no Rio Grande do Sul. O estado, que tinha voos apenas para a capital Porto Alegre, passou a receber rotas para Canoas, Pelotas e Caxias do Sul.
Além de negociar a compra de aeronaves, a Latam anunciou investimentos de US$ 2 bilhões (pouco mais de R$ 11 bilhões) nos próximos dois anos, como antecipou a EXAME. Esses recursos serão usados para o desenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços ao passageiro, e em atividades de manutenção aeronáutica.
A Latam também assinou protocolo de intenções com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para qualificar mão de obra e empregá-la sobretudo nas instalações do Latam MRO de São Carlos (SP), o maior centro de manutenção de aeronaves da América do Sul.
O acordo firmado em Santiago prevê um plano de trabalho técnico conjunto entre a Latam e o MTE para explorar oportunidades de qualificação e emprego de mão de obra especializada no Brasil nos próximos meses.
*O repórter viajou a contive da Apex Brasil