Em audiência no Senado, economista alerta que arcabouço não é suficiente para estabilizar dívida
Para José Márcio Camargo, da Genial Investimentos, trajetória da dívida apresentada pelo governo aparenta ter sido estimada com parâmetros exageradamente otimistas
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 20 de junho de 2023 às 10h06.
Última atualização em 20 de junho de 2023 às 10h38.
Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal nesta terça-feira, 20, o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, alertou que o arcabouço fiscal não é suficiente para estabilizar a dívida pública em quatro anos. Segundo ele, as projeções do governo se mostram otimistas em relação às estimativas do mercado.
Camargo ainda afirmou a proposta do governo, que deve ser votada na sequência no colegiado pelos parlamentares, se mostra insuficiente para estabilizar a dívida pública brasileira em um patamar razoável nos próximos anos.
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“A trajetória da dívida apresentada pelo governo aparenta ter sido estimada com parâmetros exageradamente otimistas. A rigidez de algumas despesas, como gastos com pessoal, previdenciários, educação e saúde, dificultam o cumprimento do novo arcabouço no médio e longo prazo”, declarou.
Aumento de carga tributária
Camargo também avaliou que uma trajetória mais benigna para a dívida depende de uma forte elevação da arrecadação, com mais tributação, combinado com um cenário de elevado crescimento, baixa taxa de juros e inflação moderada.
“O fim do enforcement de cumprimento da meta de primário é um fator de risco para a convergência da dívida no longo prazo. A trajetória da dívida apresentada pelo governo é consistente apenas sob hipóteses de inflação elevada entre 2024 e 2026, aproximadamente 7,5%, ou aumento de carga tributária de aproximadamente 3,0%”, disse.
As projeções de Camargo apontam que, com o novo arcabouço fiscal, a dívida se estabiliza em aproximadamente 92% do PIB em 2033, “na beira do precipício”.