Dia dos Pais marcará a retomada do varejo pré-pandemia?
Impulsionadas pelos 600 reais do auxílio emergencial do governo, vendas devem cair “só” 5% em relação a 2019, um avanço em relação ao dia das Mães
Leo Branco
Publicado em 7 de agosto de 2020 às 06h46.
Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 08h46.
Normalmente um período morno para o varejo brasileiro, o dia dos Pais celebrado neste domingo (9) pode trazer os primeiros sinais de um patamar de vendas pré- pandemia . Ainda não há muitos motivos para comemorar, porém. As vendas no comércio brasileiro devem cair 5% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Fecomércio-SP, o equivalente a 7 bilhões de reais a menos circulando na economia.
Olhando o copo meio cheio, o desempenho no dia dos Pais deste ano deve trazer um quadro um pouco menos dramático que o do dia das Mães de 2020. Em meio ao lockdown imposto por estados e municípios para conter o avanço do vírus, que fechou shoppings, lojas de rua e travou o comércio, as vendas gerais do varejo brasileiro tombaram 26% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a empresa de meios de pagamento Cielo.
“O dia dos Pais certamente será melhor que dia das Mães pelo próprio efeito da pandemia na cabeça da pessoa ter diminuído de tamanho”, diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. “Poderá ser a primeira data comemorativa com contornos mais normais nessa crise.”
Entre os motivos para comerciantes respirarem um pouco mais aliviados agora está o auxílio emergencial de 600 reais oferecido pelo governo federal a quem perdeu renda na pandemia. “O auxílio emergencial ajudou o consumo de uma forma geral, como visto no avanço das vendas do comércio eletrônico”, diz Arthur Mota, economista da EXAME Research .
Até o início de julho, foram concedidos mais de 250 bilhões de reais no programa de transferência de renda que acaba em setembro. Apesar dos pedidos de congressistas e integrantes do governo pela prorrogação da transferência de renda até dezembro, nesta quarta-feira o presidente Jair Bolsonaro jogou um balde de água fria na ideia. “Não dá para continuar muito”, disse o presidente da República a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. O ânimo do consumidor brasileiro corre o risco de terminar logo.