Corte de gastos: reunião no Planalto é encerrada sem decisão e será retomada às 14h desta sexta
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, permanecerá em Brasília na sexta, 8, para concluir negociações internas do governo antes de enviar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 7 de novembro de 2024 às 19h02.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República anunciou nesta quinta-feira, 7, que as reuniões sobre o pacote de medidas para corte de gastos públicos serão retomadas às 14h desta sexta-feira, 8, no Palácio do Planalto. Com isso, o Ministério da Fazenda informou que o ministro Fernando Haddad permanecerá em Brasília para participar do debate.
A previsão inicial era de que Haddad embarcasse para São Paulo ainda na noite de quinta-feira, onde despacharia na sexta-feira.
Como mostrou a EXAME, segundo fontes do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu que não haverá alterações nos reajustes do salário mínimo e nos gastos com educação na Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Para o presidente, os dois temas são especialmente sensíveis e representam bandeiras históricas de sua gestão. Assim, blindá-los de mudanças seria uma forma de minimizar os impactos negativos sobre sua popularidade.
Propostas da equipe econômica
Entre as propostas apresentadas ao presidente pelo ministro da Fazenda e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, está a desindexação do reajuste do piso salarial do valor das aposentadorias, dos demais benefícios previdenciários, trabalhistas e assistenciais.
Haddad defende essa discussão e sugeriu a leitura de um artigo do economista Bráulio Borges, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Borges explora o histórico das contas públicas e aponta desafios no ajuste fiscal, incluindo a desindexação do salário mínimo dos benefícios previdenciários como uma possível solução.
Além disso, a equipe econômica sugere rever as regras que estabelecem os mínimos constitucionais de saúde e educação, atualmente atrelados à receita. Entretanto, Lula já afirmou que é contrário a cortes nessas áreas, que, em sua visão, representam investimentos, e não gastos.
Temor de impactos na popularidade
Conforme relatado pela EXAME, Haddad e Tebet enfatizaram a importância de aprovar um pacote de cortes de despesas ainda em 2024, com potencial impacto econômico positivo em 2026, ano eleitoral. Contudo, Lula expressa preocupação com o efeito dessas mudanças sobre sua popularidade nas regiões Norte e Nordeste, onde muitos eleitores são beneficiários de programas sociais e de amparo ao trabalhador.
A equipe econômica também enfrenta pressão do mercado, que demonstra ceticismo em relação ao governo. A alta no preço do dólar, a inflação desancorada e a taxa de juros elevada evidenciam a necessidade de uma resposta econômica robusta. Segundo membros do governo, um pacote aprovado pelo Congresso em 2025 poderia contribuir para a queda do dólar e da inflação, além de abrir caminho para uma possível redução de juros, criando um cenário econômico mais favorável em 2026.
No entanto, a ala política do governo está atenta ao momento do envio das propostas ao Congresso. Mesmo com o crescimento econômico de 3% e geração de empregos, a popularidade de Lula tem caído, conforme apontam pesquisas internas.