Posto de combustivel em São Paulo - etanol; gazolina; inflação; abastecimento; preço; consumo Foto: Leandro Fonseca data: 10/03/2022 (Leandro Fonseca/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de maio de 2022 às 16h33.
Última atualização em 30 de maio de 2022 às 17h05.
Após a Câmara dos Deputados ter aprovado na semana passada o projeto que limita as alíquotas do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) sobre os combustíveis, os secretários estaduais de Fazenda irão insistir nesta segunda-feira, 30, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que a solução para a alta dos preços nos postos é a criação de uma conta de equalização com o uso de parte dos dividendos pago pela Petrobras à União. Os estados querem evitar que o projeto aprovado pelos deputados ande no Senado.
De acordo com o secretário de Fazenda de Pernambuco e presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), Décio Padilha, os secretários irão mostrar a Pacheco — na reunião marcada para as 17 horas — que os estados perderão R$ 83,5 bilhões por ano com a aprovação do PLP 211, que limita a 17% a cobrança o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo.
"Vamos mostrar que esse projeto traz impactos não tão aparentes, como a desoneração da Tusd/Tust [encargos do setor elétrico sobre os quais também incide o ICMS] e a questão dos fundos de combate à pobreza, que deixarão de existir com o fim do percentual extra. O impacto do cenário mais adverso, de R$ 83,5 bilhões, é o que efetivamente vai ocorrer. Isso com mais R$ 10 bilhões em Tusd/Tust e os fundos de combate à pobreza", argumenta Padilha.
O presidente do Comsefaz lembra que as alíquotas do ICMS sobre os combustíveis já estão congeladas desde novembro do ano passado e sinalizou que os estados estariam dispostos a manter esse congelamento — que se encerra no fim de junho — para evitar a aprovação do PLP 211 que traz uma mudança estrutural na cobrança do tributo.
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Os estados estimam uma renúncia fiscal de R$ 37,1 bilhões só com o congelamento em vigor e alegam que a medida não evitou os mais 47% de aumento no diesel somente neste ano. "Vamos conversar sobre medidas futuras que podemos fazer em conjunto com o Senado. O que fazer com a gasolina, o GLP e o álcool, em virtude do encerramento do congelamento das alíquotas. Podemos ter com antecedência uma boa solução para o país. Essa é uma novidade que vamos trazer para Pacheco", acrescentou o secretário.
Mais uma vez, os secretários estaduais vão defender a aprovação de outro projeto (PLP 1472), que cria uma conta de equalização com o uso de dividendos da Petrobras para abater o preço dos combustíveis que chegam aos consumidores.
"O mundo todo está praticando para esse problema conjuntural uma solução conjuntural. Estão criando contas de equalização, cada país com um nome diferente. É pegar circunstancialmente esses altos dividendos que estão sendo pagos ao governo federal e em vez de amortizar a dívida, colocar em torno de 40% em uma conta para equalizar o preço dos combustíveis enquanto ocorrer a guerra. É uma solução transitória. Acabou a adversidade, você encerra esse tipo de solução. São soluções esporádicas para atenuar um pouco os repasses ao consumidor", insistiu Padilha.
"Precisamos encontrar um caminho imediato, e o PLP 1472 é uma solução. Precisamos dar um destino melhor para os dividendos pagos ao governo. Não é interferência na Petrobras, mas apenas o destino dos dividendos", concluiu.
(Estadão Conteúdo)
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