Banco Central: fim das desonerações de combustíveis este ano devem ter impacto sobre a inflação (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 06h32.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2023 às 06h43.
Com a manutenção da taxa básica de juros (Selic) a 13,75% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Brasil se mantém na primeira posição do ranking dos juros reais. A taxa real está em 7,38%, descontando a projeção de inflação para os próximos 12 meses, que é 5,7%, segundo o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central junto a economistas de bancos e de gestoras.
O levantamento foi elaborado pelo portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management.
"Ainda assim, a taxa de juros reais está menor do que em momentos recentes", explica o economista Jason Vieira, da Infinity Asset Management.
Em dezembro passado, a taxa de juros reais no país encerrou 2022 em 8,16%, mas com a perspectiva de inflação maior nos próximos 12 meses, a taxa de juro real acabou ficando um pouco menor. O último boletim Focus elevou de 5,4% para 5,75% a projeção do IPCA, a inflação oficial, para 2023.
Com isso, país fica pela quarta reunião consecutiva na primeira posição do ranking, superando países da América Latina como México (taxa de 5,53% e segundo colocado no ranking), Chile (4,71%, terceiro colocado) e Colômbia 3,04% (na quarta posição). O ranking leva em conta os juros reais de 40 países.
Para Jason Vieira, o movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força globalmente com o aumento expressivo no número de bancos centrais aumentando juros, e sinalizando preocupação com a inflação. Isso, mesmo num cenário internacional de queda dos preços das commodities, diz o economista.
No ranking de 40 países, 32,5% mantiveram os juros no mesmo patamar na última reunião de seus bancos centrais, enquanto 67,50% elevaram as taxas. Nenhum país promoveu corte de taxas.
A retomada dos embarques industriais com a reabertura da economia chinesa ajudaram em parte a desinflação, especialmente nos países emergentes, diz Vieira.
No Brasil, embora a taxa de câmbio tende a ficar mais moderada este ano, o fim das desonerações de combustíveis este ano devem ter impacto sobre a inflação. E, para os demais meses do ano, a pressão sobre preços de outros produtos deverá se dar pela preocupação maior do governo em diminuir o déficit via aumento da arrecadação, diz relatporio da MB Associados. A previsão da consultoria é de que a inflação este ano deverá se aproximar de 6%, atrasando ainda mais a queda de juros.
Veja os dez países com maiores taxas de juros real do mundo: