Porcos na China: grandes fazendas estão focadas em aumentar o peso dos animais em pelo menos 14% (Gilles Sabrie/Bloomberg)
Ligia Tuon
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 18h47.
Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 18h48.
Em uma fazenda na região sul da China há um porco muito grande, tão pesado quanto um urso polar.
O animal de 500 kg faz parte de um plantel com porcos criados para serem gigantes. No abate, alguns porcos podem ser vendidos por mais de 10.000 yuanes (US$ 1.399), mais que o triplo da renda média mensal disponível em Nanning, capital da província de Guangxi, onde mora Pang Cong, o dono da fazenda.
Enquanto os porcos de Pang podem ser um exemplo extremo de até onde produtores podem ir para resolver o problema de escassez de carne suína da China, a ideia do “quanto maior melhor” está se espalhando por todo o país, maior consumidor de carne de porco do mundo.
Os altos preços da carne suína na província de Jilin, no nordeste do país, levam produtores a criar porcos que alcancem peso médio entre 175 kg e 200 kg, acima do peso normal de 125 kg. Querem criá-los “o maior possível”, disse Zhao Hailin, um produtor de suínos da região.
A tendência também não se limita às pequenas fazendas. Os principais produtores de proteínas da China, que incluem Wens Foodstuffs, maior criador de suínos do país, Cofco Meat e Beijing Dabeinong Technology dizem que estão tentando aumentar o peso médio de seus porcos.
Grandes fazendas estão focadas em aumentar o peso dos animais em pelo menos 14%, disse Lin Guofa, analista sênior da consultoria Bric Agriculture Group.
O peso médio dos porcos no abate em algumas fazendas de grande porte chegou a 140 kg, em comparação com os 110 kg habituais, disse Lin. Esse peso pode aumentar os lucros em mais de 30%, disse.
Suínos mais pesados estão sendo criados durante um período de crise no mercado chinês.
Como a peste suína africana dizimou o plantel de porcos do país pela metade, segundo algumas estimativas, os preços da carne de porco subiram para níveis recordes, levando o governo a instar agricultores a aumentar a produção para controlar a inflação.
No atacado, os preços da carne de porco na China subiram mais de 70% este ano, enquanto os estoques de suínos despencaram 39% em agosto na comparação anual.
O vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua alertou que a situação da oferta permanecerá “extremamente grave” até o primeiro semestre de 2020.
O déficit de suínos na China está estimado em 10 milhões de toneladas este ano, mais do que o disponível no comércio global, o que significa que o país precisa aumentar a produção no mercado interno, disse.
(Com a colaboração de Jeff Black e Alfred Cang).